Entre os dias 03 e 14 de Novembro decorreu a missão de supervisão e acompanhamento do Projecto de Resiliência Rural do Norte de Moçambique (MozNorte), com o objectivo de avaliar o progresso das actividades implementadas, assegurar o cumprimento dos planos de trabalho e reforçar a articulação entre os parceiros envolvidos na execução. A missão contou com a participação de representantes do Banco Mundial, do Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas (MAAP), Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), Fundo de Desenvolvimento da Economia Azul-FP (ProAzul), Nações Unidas para Serviços de Projectos (UNOPS), Administracao Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) que ao longo de duas fases acompanharam de perto a evolução das iniciativas desenvolvidas no âmbito do projecto.
Publicado em 17/11/2025
Equipa multissectorial avalia impactos do Projecto MozNorte entre 3 e 14 de Novembro
Nesta primeira fase, realizada entre 03 e 07 de Novembro, as equipas apresentaram o conjunto de intervenções efectuadas desde a última missão de Maio do ano corrente, permitindo uma análise detalhada dos avanços registados nas componentes de melhoria na gestão das Áreas de Conservação alvo, governação comunitária, capacitação institucional e fortalecimento dos mecanismos de gestão de recursos naturais. Foram igualmente discutidos os progressos nas acções de mitigação e resposta a conflitos entre homem-fauna bravia e na preparação de instrumentos de gestão territorial. Esta fase permitiu identificar melhorias consistentes na organização comunitária, no envolvimento das lideranças locais e na consolidação das estruturas que apoiam a implementação das actividades no terreno, destacando-se também a necessidade de acelerar a finalização de alguns instrumentos técnicos essenciais.
A segunda fase da missão correspondeu à visita de campo realizada no dia 12 de Novembro, na província do Niassa, distrito de Sanga, onde estiveram presentes equipas do Banco Mundial, BIOFUND, ANAC e Helvetas Moçambique, parceiro de implementação do projecto em Chipanje Chetu. A deslocação às comunidades de Macaloge, Maumbica e Nova Madeira, permitiu observar directamente o impacto das acções do projecto e recolher percepções das famílias, comités locais e beneficiários das diferentes iniciativas.
Em Macaloge, foi visitado o programa de formação profissional em carpintaria, que funciona como uma verdadeira incubadora de competências técnicas. Seis (06) jovens aprendizes, muitos deles sem experiência prévia, beneficiam de formação prática supervisionada de 06 meses, com certificação reconhecida e preparação para receber ferramentas e equipamento inicial para geração de auto rendimento. Os beneficiários demonstraram a transformação proporcionada pela formação, não apenas na criação de oportunidades de auto-emprego, mas também na valorização do trabalho local e na melhoria da qualidade dos serviços disponíveis na comunidade.
Em Maumbica, a missão acompanhou o trabalho desenvolvido no âmbito da educação ambiental na Escola Primária, onde clubes ambientais, clubes de raparigas e um sistema organizado de professores auxiliares e madrinhas promovem actividades de sensibilização, conservação e cidadania ambiental junto das crianças. As iniciativas incluem aulas práticas em oficinas ambientais, cântico, dança, sessões especificas para as raparigas sobre temas relacionados a saúde sexual e reprodutiva, higiene, uniões prematuras, evasão escolar, e acompanhamento de estudantes que prosseguem os estudos no ensino secundário através de apoio em internato. A visita evidenciou o papel desta componente na formação de futuros líderes comunitários e na criação de uma base sólida de conhecimento local sobre a importância da conservação.
Na comunidade de Nova Madeira, a equipa reuniu com a COGECO, comités de gestão de recursos naturais, e fiscais comunitários, que apresentaram os resultados alcançados na administração das taxas de concessão e troféus e na promoção de uma gestão participativa e transparente. A missão teve ainda oportunidade de conhecer projectos de diversificação de meios de vida, com destaque para a iniciativa de piscicultura. Um tanque de piscicultura, construído em Junho, recebeu cerca de 2.000 alevinos, onde se espera que seja uma fonte importante de alimentação e rendimento para as famílias locais, reforçando a segurança alimentar e a resiliência económica da comunidade.
A missão permitiu registar progressos sólidos na implementação do Projecto MozNorte, revelando uma crescente apropriação comunitária, maior organização local e melhorias claras na forma como as comunidades compreendem e gerem os recursos naturais que as sustentam. Os parceiros reafirmaram o compromisso de continuar a apoiar o fortalecimento institucional, a geração de rendimentos sustentáveis e a promoção de uma abordagem integrada entre conservação e desenvolvimento socioeconómico, contribuindo para a construção de comunidades mais resilientes no Niassa.
