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Publicado em 08/08/2025


Da teoria à prática: Jéssica Carlos e o florescer de uma jovem conservacionista em Manica

No coração da província de Manica, entre áreas de floresta plantada e comunidades que dependem directamente dos recursos naturais, uma jovem estagiária está a transformar conhecimento em impacto. Jéssica Carlos, licenciada em Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais pela Uni-Zambeze, é uma das beneficiárias da 7.ª edição do Programa de Estágios Pré-Profissionais do PLCM – Programa de Liderança para a Conservação de Moçambique, uma iniciativa da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) com financiamento do Governo da Suécia.

Desde o início do seu estágio na Portucel Moçambique, Jéssica tem estado envolvida em diversas frentes da área de sustentabilidade, contribuindo activamente para a integração da biodiversidade na gestão florestal da empresa. Com metas claras definidas no seu plano de estágio, participa em actividades como a validação de Áreas de Conservação, o restauro ecológico, a monitoria de recursos naturais e acções de educação ambiental.

Ao longo do estágio, Jéssica já identificou mais de 100 hectares com prioridade para conservação e iniciou o processo de restauro de uma área de 6,5 hectares com elevada sensibilidade ecológica. Tem conduzido sessões de sensibilização ambiental, alcançando pouco mais de 210 agricultores com mensagens sobre práticas agrícolas sustentáveis e proteção das florestas. Realiza também a recolha de amostras de água e solo em pontos estratégicos para a monitoria ambiental contínua da área sob gestão da empresa, garantindo o acompanhamento dos impactos ambientais e a adoção de medidas correctivas sempre que necessário.

Mas para além dos números, Jéssica destaca-se pela forma como encara os desafios e transforma dificuldades em oportunidades de crescimento. No seu testemunho, partilhou que os primeiros meses foram desafiadores: lidar com novas responsabilidades, uma estrutura organizacional complexa e o contacto directo com comunidades com hábitos e linguagens distintas exigiu adaptação, resiliência e empatia. “Foi desafiador no início, mas fui-me adaptando com o apoio da equipa técnica e da minha supervisora, mesmo à distância”, afirmou.

Num dos momentos mais inspiradores da realização das suas actividades, onde se fez acompanhada pela equipa do PLCM, Jéssica dinamizou uma sessão de sensibilização comunitária onde abordou, com linguagem acessível e exemplos do dia-a-dia, temas como o desmatamento e a extinção de espécies. Utilizando cartazes ilustrativos e objectos, conseguiu captar a atenção dos participantes e promover um diálogo aberto e participativo. A clareza da sua comunicação e a empatia com que interagiu com os agricultores revelam uma jovem profissional em plena evolução.

Jéssica tem também contribuído com ideias inovadoras para fortalecer as acções de educação ambiental, propondo o estabelecimento de sistemas de monitoria contínua nas comunidades e a criação de grupos focais para avaliar o impacto das intervenções. Com uma visão estratégica, sugeriu ainda o reforço de parcerias com instituições como a ANAC e o Parque Nacional da Gorongosa, com vista a apoiar a gestão de áreas de intervenção  da Portucel e a reintrodução de espécies prioritárias.

O seu estágio não tem sido apenas uma oportunidade para aplicar conhecimentos técnicos, mas também uma oportunidade de aprendizagem pessoal, onde desenvolveu competências como liderança, comunicação, tomada de decisão e gestão de tempo. “Sinto que estou a crescer como pessoa e como profissional. Este estágio tem me ajudado a sair da teoria para a prática e a perceber o papel real que posso desempenhar na conservação da biodiversidade”, concluiu.

A história de Jéssica Carlos é o espelho da missão do PLCM: investir no potencial de jovens moçambicanos comprometidos com o futuro da conservação. É também um exemplo inspirador do que é possível alcançar quando se alia conhecimento, oportunidade e vontade de fazer a diferença. Através do seu trabalho, Jéssica está a deixar uma marca positiva na Portucel Moçambique, e no seu próprio percurso como futura líder da conservação em Moçambique.