Entre os dias 22 e 26 de Setembro, a comunidade do 2º Congresso do distrito de Sanga, na província de Niassa, acolheu o 1.º Seminário de GALS (Sistema de Aprendizagem e Acção de Género), reunindo 40 participantes (15 mulheres -> 37,5%) numa formação prática orientada para a mudanças de comportamento e decisão partilhada no lar e na comunidade. A iniciativa foi promovida pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), em parceria com a Administracao Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e a Helvetas Moçambique, com o financiamento do Banco Mundial, no âmbito do Projecto MozNorte.
Publicado em 01/10/2025
Niassa avança com GALS: 40 participantes iniciam mudança pela equidade de género em Sanga
- 40 participantes (15 mulheres; 25 homens)
- 5 ferramentas GALS trabalhadas
- 8 agregados familiares visitados em campo
- 1 plano de acompanhamento acordado com a comunidade
O GALS é uma metodologia participativa que incentiva homens e mulheres a sonhar em conjunto, planificar em colectivo e assumir responsabilidades partilhadas nas decisões familiares e comunitárias, assegurando que o desenvolvimento beneficia todas as pessoas.
Ao longo do seminário, as equipas trabalharam ferramentas como o Diamante da Identidade (desconstrução de estereótipos), o Diamante da Justiça de Género (equidade e corresponsabilidade), o Diamante da Pobreza e da Riqueza (níveis de vulnerabilidade e metas de melhoria), a Caminhada da Visão (planos passo-a-passo) e a Árvore de Equilíbrio de Género no Lar (repartição justa de papeis e tarefas).
A formação incluiu trabalho de campo em oito agregados familiares, onde os participantes replicaram as ferramentas, facilitaram diálogos e estimularam mudanças imediatas (como a reorganização das tarefas domésticas e o compromisso de planos familiares de curto prazo para renda, alimentação e educação dos filhos).
Os testemunhos dos participantes revelaram mudanças de percepção significativas. Um dos participantes afirmou: “Percebi que a minha esposa faz quase todas as tarefas da casa sozinha. Agora vamos passar a dividir os trabalhos e isso vai trazer mais harmonia à nossa família.”
Outra participante destacou: “Aprendi que também tenho voz nas decisões sobre a renda e a educação dos nossos filhos. Sinto-me mais confiante em partilhar as minhas ideias.”
Outros depoimentos reforçaram a noção de que, para além das diferenças biológicas, homens e mulheres têm iguais capacidades para tomar decisões e gerir recursos.
Foram igualmente apresentados os Mecanismos de Diálogo e Reclamação (MDR) do projecto, reforçando a prevenção da violência baseada no género, a denúncia segura e a resolução de conflitos, como parte de uma convivência assente na justiça social.
Como próximos passos, as equipas comunitárias farão sessões de acompanhamento para monitorar a execução dos planos de acção definidos com as famílias e replicar a metodologia nas comunidades de Sanga. A experiência será, ainda, estendida ao programa de Economia Rural Sustentável (MozRural), mantendo as mesmas abordagens participativas.
O Projecto de Resiliência Rural do MozNorte de Moçambique apoia o acesso a meios de vida e a gestão sustentável dos recursos naturais em comunidades vulneráveis do norte do país, fortalecendo capacidades locais e a coesão social.