Skip to main content

Publicado em 06/03/2025


PROMOVE Biodiversidade: Resultados dos Estudos Realizados no PNAG e Monte Mabu Realçam a Importância da Pesquisa para a Conservação

Trata-se dos resultados das pesquisas aplicadas promovidas pelo Programa PROMOVE Biodiversidade, financiado pela União Europeia, realizadas no Parque Nacional do Gilé (PNAG) e Monte Mabu, apresentados no seminário organizado pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND e parceiros, no dia 21 de Fevereiro, na Cidade de Maputo.

O evento contou com cerca de 63 participantes, incluindo representantes da União Europeia, da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e de outras Direcções do Ministério da Agricultura Ambiente e Pescas – MAAP, do Parque Nacional do Gilé – PNAG, Monte Mabu, da Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas (APAIPS), do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Academia. O objectivo foi divulgar os resultados de cinco estudos científicos e a sua implicação na gestão do PNAG e Monte Mabu. Os estudos abordaram temas cruciais para a conservação e gestão sustentável dessas áreas de conservação:

  1. Queimadas e Efeito sobre a Ecologia do PNAG e Implicações na Gestão do Parque realizada pela Universidade Eduardo Mondlane, Faculdade de Agronomia e engenharia Florestal – UEM/FAEF;
  2. Grandes Mamíferos do PNAG: Estado de Conservação e Impacto da Reintrodução na Restauração Ecológica realizada pela UniLúrio;
  3. Relação entre a População da Zona Tampão e conservação do PNAG: Uso dos Recursos Naturais e algumas Projecções Demográficas, realizado pela Universidade Católica de Moçambique – UCM;
  4. Estudo das Potencialidades Hidrológicas do Monte Mabu​ realizado pelo Instituto Nacional de Irrigação em colaboração com a UEM/FAEF – INIR e FAEF;
  5. Resultado das Expedições Científicas realizadas pelo consórcio WWF-ReGeCom-RADEZA.

Entre os resultados apresentados, indica-se que cerca de 60% da área total do parque é afectada anualmente por queimadas intensas e severas havendo associação com a prevalência de casos de caça furtiva no interior do parque. As espécies resistentes ao fogo continuam a dominar nas zonas de alta severidade.

As espécies de Miombo continuam a dominar a vegetação, independentemente da severidade das queimadas. Nas áreas de maior severidade, espécies resistentes ao fogo foram menos afectadas,  mas a estrutura do ecossistema foi afectada pela severidade assim como se observou redução significativa da regeneração natural. Estes resultados motivaram a realização de um treinamento em gestão de queimadas para as comunidades locais, pessoal do parque e do governo local. Recomendou-se uma análise do efeito das queimadas sobre as espécies melíferas, sua floração, população de abelhas e produtividade da apicultura, uma cadeia de valor importante na região.

Ainda no PNAG, a pesquisa da UniLúrio constatou a ausência de carnívoros de grande porte e indicou um crescimento da população de herbívoros de médio e grande porte na última década, criando condições favoráveis e disponibilidade de presas para predadores.

Apesar da ausência das comunidades residentes dentro do PNAG, é fundamental o entendimento da dinâmica da população na Zona tampão dado o seu efeito na demanda de bens e serviços tais como a biodiversidade, polinização, recursos hidrológicos, paisagem cénica, sequestro do carbono oferecidos pelo Parque. O estudo da UCM registou um crescimento médio populacional de 1.8% entre os anos de 2023 a 2024 e redução de 26 a 13% de gravidezes nas idades entre 15 e 19 anos. Embora a média crescimento populacional estimada seja inferior às projecções do censo populacional, há necessidade de monitorar estes indicadores por um período mais longo para adopção de medidas efectivas de gestão efectiva do PNAG e  desenvolvimento comunitário.

Na mesma ocasião, destacou-se que no Monte Mabu, os estudos reforçaram o alto valor da biodiversidade e a vulnerabilidade das espécies à degradação do habitat. Além disso, a análise hidrológica identificou cerca de 17 cursos de água com excelente qualidade, abrindo oportunidades para desenvolvimento de cadeias de valor  ligadas à agricultura, aquacultura, apicultura, pesca,  produção de energia hidroeléctrica, extracção de água mineral, entre outras.

Para a ANAC, os resultados destas pesquisas promovidas pelo programa PROMOVE Biodiversidade, permitem conhecer o estado actual da conservação no PNAG, a documentação da Biodiversidade disponível no Monte Mabu e identificação das necessidades locais para melhor elaboração dos planos de gestão eficazes e, eventualmente, contribuir para a formulação políticas públicas voltadas para a conservação da biodiversidade.