Coutada 11 do Complexo de Marromeu: Onde os leões voltaram a rugir
Publicado em 04/12/2025
Conservação Integrada, Desenvolvimento Comunitário e Preparação para um Futuro Resiliente
Há três décadas, a paisagem da Coutada 11 enfrentava um cenário crítico, a caça furtiva e o declínio das populações de fauna e a degradação dos habitats ameaçavam transformar este ecossistema único do Delta do Zambeze num território silencioso e frágil. Hoje, esse silêncio quebrou-se. Ouve-se novamente o rugido dos leões.
A Zambeze Delta Safaris (ZDS), que gere a coutada há mais de três décadas, lidera um dos exemplos mais bem-sucedidos de recuperação da fauna em Moçambique. O último censo aéreo de 2024 confirmou o que já era visível no terreno: populações de grandes mamíferos a crescer, habitats revitalizados e um sistema ecológico que recupera o seu equilíbrio natural.
Mas o renascimento da vida selvagem não se fez apenas com ciência e estratégia; fez-se também com pessoas. A ZDS investiu na construção de escolas, criou um centro de saúde e impulsionou actividades económicas locais, incluindo agricultura e produção de mel, que hoje geram rendimentos reais para as comunidades vizinhas.
O regresso dos leões e das chitas, reintroduzidos com rigor científico, é apenas a face mais visível de uma história maior: a de uma coutada que se transformou num farol de esperança para a conservação em África, onde a natureza, a ciência e as comunidades avançam lado a lado.
A Coutada 11 tornou-se, assim, um exemplo de como a ciência, a gestão responsável e o envolvimento das comunidades podem transformar uma área ameaçada num caso de sucesso continental. Esta visão integrada será ainda fortalecida nos próximos anos com o início do Projecto de Meios de Vida Costeiros e Resiliência Climática (CLCR), financiado pela Millennium Challenge Corporation (MCC) e gerido pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND, previsto para 2026, que irá impulsionar iniciativas sociais e ecológicas em toda a paisagem de Marromeu.
