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Publicado em 05/12/2025


Da Conferência da Biodiversidade Marinha aos Palcos Internacionais: a Jornada Científica de Tomás Tito

A Conferência da Biodiversidade Marinha (CBM), liderada pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), tem vindo a consolidar-se como uma verdadeira plataforma de impulso à investigação científica e à participação da juventude na conservação dos recursos marinhos. Um dos exemplos inspiradores deste impacto é a história de Tomás Tito, estudante de Agroeconomia e Extensão Rural na Universidade Eduardo Mondlane, que transformou uma simples ideia nascida em sala de aula numa pesquisa de destaque internacional.

A sua jornada começou na 2ª edição da CBM, organizada pela BIOFUND em colaboração com vários parceiros, onde apresentou o estudo sobre “Educação Ambiental nos Ecossistemas Marinhos: Pesca Artesanal”. A pesquisa, ainda em fase inicial, analisava práticas de exploração pesqueira na Baía de Costa do Sol, em Maputo, e revelou que a pesca artesanal registou um crescimento até 2018, seguido de um declínio acentuado e uma recuperação moderada até 2022. Apesar das oscilações, observou-se um aumento contínuo na quantidade de captura para a maioria das espécies, com destaque para métodos mais sustentáveis como o emalhe e a linha de mão.

A apresentação despertou o interesse do Museus do Mar e da Administração Nacional das Pescas, que prontamente ofereceram apoio técnico e logístico para a continuação e aprofundamento da pesquisa. Com esta colaboração, Tomás reestruturou o estudo e submeteu uma nova versão à 3ª edição da Conferência da Biodiversidade Marinha realizada na Cidade da Beira, em Setembro de 2025, desta vez com foco nos centros de pesca da Costa do Sol (Maputo) e da Macaneta (em Marracuene). O trabalho foi novamente aprovado e apresentado, desta vez com resultados mais robustos e dados concretos sobre a influência da educação ambiental na adopção de práticas sustentáveis.

A pesquisa revelou que as artes de pesca mais utilizadas nos dois centros são a rede de arrasto, e o emalhe. Em relação à perceção dos pescadores sobre práticas sustentáveis, 25% identificaram o uso de malhas adequadas como uma medida positiva, enquanto 17% apontaram a redução da frequência de idas ao mar e 11% destacaram o cumprimento dos períodos de veda. A partilha de informação nas comunidades pesqueiras mostrou-se predominantemente horizontal, com o presidente do Comité de Co-gestão de Pescas (CCP) a ser a principal fonte de informação para pescadores, seguido por amigos pescadores (13%) e a administração marítima (10%). A análise estatística indicou que o tempo de experiência na pesca e a participação activa nos CCPs influenciam significativamente a adoção de prácticas sustentáveis.

O reconhecimento do trabalho de Tomás ultrapassou fronteiras. A sua pesquisa foi seleccionada para o Simpósio da WIOMSA, o maior fórum de ciências marinhas da África Ocidental, realizado em Mombasa, no Quénia. Lá, o jovem investigador apresentou o seu estudo na sessão de pósteres, conquistando visibilidade internacional e estabelecendo contactos com especialistas de toda a região.

Esta é uma história inspiradora que demonstra como a Conferência da Biodiversidade Marinha se afirma como uma verdadeira plataforma de lançamento para jovens investigadores, conectando ideias locais a oportunidades globais. A trajetória de Tomás Tito é um testemunho do poder transformador da juventude e da ciência na construção de um futuro mais sustentável para os nossos oceanos.