Lúcia Manhique é uma jovem moçambicana que se tornou símbolo de resiliência e dedicação na conservação da biodiversidade em Moçambique. Formada em Topografia pelo Instituto Politécnico de Ciências, Terra e Ambiente Lúcia integrou a 6ª edição do Programa de Liderança para a Conservação de Moçambique – PLCM, implementado pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND e financiado pela Embaixada da Suécia desde 2023. Este programa visa fortalecer o Sistema Nacional das Áreas de Conservação, em estreita coordenação com a Administração Nacional das Áreas de Conservação – ANAC, capacitando jovens profissionais com formações diversas e promovendo competências de liderança e sensibilização ambiental.
Publicado em 29/05/2025
Do Monte Mabu para a linha da frente da conservação: a caminhada de Lúcia Manhique
No terreno, trabalhou no programa PROMOVE Biodiversidade ao lado de parceiros como o Fundo Mundial para a Natureza – WWF, a Rede para Ambiente e Desenvolvimento Comunitário Sustentável da Zambézia – RADEZA e a Rede para a Gestão Comunitária dos Recursos Naturais – ReGeCom, contribuindo com mapeamento técnico e sensibilização comunitária no Monte Mabu. Mas a sua jornada não foi fácil. Adaptar-se à realidade do campo, dominar ferramentas especializadas e conquistar a confiança das comunidades exigiu mais do que conhecimento técnico, exigiu empatia, paciência e persistência.
Para comunicar melhor com as comunidades, Lúcia passou a organizar reuniões participativas e a utilizar materiais visuais (mapas e infográficos) para explicar os objectivos dos projectos. Essas estratégias fortaleceram a colaboração local, demonstrando a importância de uma abordagem inclusiva e participativa.
A formação da Lúcia em Topografia revelou-se essencial para identificar áreas prioritárias de conservação, como zonas de recarga de aquíferos, habitats críticos e regiões susceptíveis à erosão. Mapas topográficos detalhados ajudaram no planeamento de corredores ecológicos, na mitigação de impactos de infra-estruturas e na monitoria de mudanças ambientais ao longo do tempo.
Neste percurso, através de mentoria, workshops técnicos e estudo autónomo, Lúcia desenvolveu competências que lhe permitiram superar obstáculos e crescer profissionalmente.
Para Lúcia, uma das maiores lições do estágio foi a importância da interdisciplinaridade:
‘‘Integrar conhecimentos técnicos como topografia, com saberes locais é fundamental para projectos de conservação duradouros. Além disso, desenvolvi a resiliência para lidar com imprevistos em campo e habilidades de mediação de conflitos e pude intervir de forma teórica e prática em actividades de agricultura de conservação, aumentando assim as minhas habilidades profissionais, que com certeza serão úteis para projectos futuros.’’
Após o estágio, o PLCM consolidou o interesse de Lúcia ao mostrar o impacto tangível da vivência em projectos multidisciplinares e o contacto com espécies ameaçadas que reforçaram sua motivação para actuar na linha de frente da conservação. Actualmente, recebeu uma proposta para trabalhar com desenvolvimento comunitário em prol da conservação da biodiversidade na Zambézia.
Aos jovens interessados em seguir um caminho semelhante, Lúcia deixa um conselho:
“Invistam em capacitação técnica, desenvolvam empatia para trabalhar com comunidades, participem em programas práticos como o PLCM, estejam abertos a aprender com erros e persistam mesmo diante de desafios complexos. A conservação exige tanto conhecimento científico quanto compromisso social”.