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Publicado em 18/12/2025


Economia da Vida Selvagem e Benefícios Comunitários: Do mel que sustenta famílias ao ecossistema que sustenta vidas

Na paisagem vasta e húmida da Coutada 11, no Complexo de Marromeu, a conservação não se mede apenas pelo crescimento da população e espécies de fauna, mede-se também no impacto directo que a vida selvagem tem na vida das pessoas que vivem ao redor da Área de Conservação.

A Zambeze Delta Safaris (ZDS), gestora da coutada há mais de três décadas da sua criação, compreendeu que a conservação da biodiversidade só é sustentável quando as comunidades são parte activa e beneficiária. Foi assim que surgiram diversas iniciativas económicas de base comunitária, criadas para fortalecer a ligação positiva entre conservação e qualidade de vida.

Entre estas actividades destaca-se a produção e comercialização de mel, um programa que transformou a apicultura numa fonte real de rendimento para várias famílias. A floresta bem conservada, rica em espécies de fauna e flora, oferece condições ideais para a produção de um mel de elevada qualidade, que hoje encontra mercado tanto local como nacional.

No centro desta história está a senhora Custeja Joaquim, chefe de família e apicultora. Com determinação e disciplina, ela domina o processo completo da produção do mel, desde o cuidado das colmeias até à extracção e venda. Para Custeja, o mel não é apenas um produto, é o sustento da sua família, a garantia de educação para os filhos e netos e, a porta de entrada para uma economia mais digna e estável. O seu exemplo tem inspirado outras mulheres da região a envolverem-se na actividade.

A iniciativa da apicultura demonstra na prática que a conservação pode gerar rendimentos, autonomia e segurança económica. Quanto mais protegida está a coutada, mais produtivas são as abelhas; quanto mais estável é o ecossistema, maior é o rendimento das famílias.

Além do mel, a ZDS investe igualmente na educação das comunidades através da construção de escolas, apoio à saúde comunitária, actividades agrícolas e criação de emprego local, reforçando o entendimento de que a conservação é uma ferramenta de desenvolvimento social.

Na Coutada 11, a economia da vida selvagem não é um conceito abstracto, é uma realidade construída todos os dias por pessoas como Custeja Joaquim, cuja história mostra que proteger a natureza pode ser, também, uma forma de construir um futuro mais próspero para as comunidades.

Esta visão integrada será ampliada com o Projecto de Meios de Vida Costeiros e Resiliência Climática (CLCR), financiado pela Millennium Challenge Corporation (MCC), que a BIOFUND irá iniciar em 2026. O projecto irá fortalecer as iniciativas comunitárias existentes, expandir actividades de meios de vida sustentáveis e reforçar a ligação positiva entre as famílias e a conservação da paisagem de Marromeu.