Publicado em 23/06/2025


Estagiários do PLCM promovem soluções concretas para a conservação e desenvolvimento sustentável em Sofala

No âmbito do Programa de Liderança para a Conservação de Moçambique – PLCM, implementado pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade –  BIOFUND e financiado pela Embaixada da Suécia desde 2023, a BIOFUND, realizou entre os dias 9 a 13 de Junho de 2025, uma missão de monitoria aos centros de estágio na Província de Sofala, onde actualmente estão alocados nove jovens estagiários em cinco instituições parceiras: Associação Moçambicana de Reciclagem (AMOR), Associação Adventista para o Desenvolvimento, Recursos e Assistência (ADRA) Moçambique, Reserva Nacional de Marromeu, Fundo Mundial para a Natureza (WWF e Nyati Safaris – Coutada 14.

A missão visou acompanhar os estagiários no terreno, avaliar o cumprimento dos planos de estágio, recolher histórias de impacto e fortalecer os laços com os centros de estágio. Durante a missão, foi notório o envolvimento activo dos estagiários em acções concretas de conservação, educação ambiental, apoio técnico e desenvolvimento comunitário.

Na ADRA, no Distrito de Nhamatanda, as estagiárias Esperança Rafael e Vânia Alexandre, formadas em Biologia Aplicada, e Agro-pecuária, respectivamente, apoiam a produção de mudas de espécies florestais no viveiro comunitário local, a  consolidação de uma área de conservação comunitária, capacitam agricultores em técnicas de melhoria dos processos produtivos e promovem a produção de fogões melhorados, que são mais eficientes e reduzem o uso de lenha e carvão.

O impacto do trabalho das estagiárias é reconhecido pelas comunidades locais. Simão Wite, presidente do grupo de camponeses beneficiários das capacitações, afirmou:

Com o apoio da Esperança e Vânia, aprendemos novas técnicas que melhoram o rendimento das nossas machambas. Hoje já conseguimos produzir milho e hortícolas em maior escala. A vida dos membros do grupo está a mudar para melhor.”

Na Associação AMOR, Domingas António, Engenheira Florestal lidera jornadas de limpeza e sensibilização ambiental com as comunidades urbanas e escolares, reconhecendo que pequenas acções podem transformar percepções e práticas em relação aos resíduos sólidos e apoia a identificação de parceiros para a reciclagem de resíduos sólidos recolhidos ao longo da costa da Cidade da Beira. “Decorridos pouco mais de 2 meses de estágio, sinto que o meu valor no mercado laboral subiu”, referiu a estagiária, realçando o aprendizado, experiências e as mais valias técnico-profissionais adquiridas no âmbito do programa de estágio.

Na Reserva Nacional de Marromeu, Lourenço Maputo, formado em Administração do Trabalho contribui na área de Administração, Finanças e Recursos Humanos, com destaque para a gestão administrativa, prestação de contas e processos de aquisição de bens e serviços para a Área de Conservação. “O estágio permitiu-me perceber a importância da boa gestão administrativa e financeira no suporte às actividades de conservação. Compreendi que a sustentabilidade ambiental está também ligada à eficiência organizacional”, afirmou.

Enquanto isso, Paulo Wamano, Engenheiro de Construções Rurais e Ordenamento de Território, elabora projectos de infra-estruturas sustentáveis, faz o mapeamento e ordenamento territorial e participa na fiscalização de obras das novas infra-estruturas da reserva.

Trabalhar numa área de conservação como Marromeu permite-me alinhar a engenharia com a sustentabilidade ambiental. Estou a trabalhar de forma prática com construções modulares e isso vai impactar positivamente no crescimento profissional”, destacou Paulo Wamano.

Já na WWF em Marromeu, as estagiárias Carlota Halafo e Eunísia Marumete, formadas em Sociologia, e Florestas e Fauna Bravia, respectivamente, apoiam a implementação do Projecto ECO-DRR, uma iniciativa de soluções baseadas na natureza para a redução de riscos de desastres, com foco nos ecossistemas do Delta do Zambeze.

Estes jovens demonstram que, com orientação adequada, oportunidades de aprendizagem no terreno e envolvimento directo com as comunidades e os ecossistemas, é possível formar líderes preparados para enfrentar os desafios da conservação da biodiversidade em Moçambique. A missão confirmou que os jovens estão não só a adquirir competências práticas, mas também a inspirar mudanças reais nas comunidades e instituições onde estão inseridos.

Sobre o PLCM, a BIOFUND e a ANAC

Criado em 2019 pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade, o Programa de Liderança para a Conservação de Moçambique (PLCM) tem como objectivo atrair, formar e reter jovens talentos para o Sistema Nacional das Áreas de Conservação. O programa opera com o financiamento da Embaixada da Suécia e à cooperação estratégica com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), entidade estatal responsável pela gestão das Áreas de Conservação.

Nesta parceria, a BIOFUND gere os recursos financeiros, selecciona, aloca e acompanha os estagiários; a ANAC facilita a alocação em Áreas de Conservação e garante orientação técnica; a Suécia assegura o financiamento que torna possível proporcionar experiências de campo transformadoras. Juntos, estes actores promovem soluções de conservação baseadas em evidência e fortalecem o capital humano que salvaguardará a biodiversidade moçambicana para as gerações futuras.