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Publicado em 15/12/2025


Monte Mabu é destaque como ecossistema estratégico para o desenvolvimento sustentável

Sob lema “Conservação do Monte Mabu: Mais água e desenvolvimento sustentável”, A Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), em coordenação com a World Wildlife Fund  (WWF) e a União Europeia, realizou no dia 11 de Dezembro, no Auditório Sede do BCI, um evento dedicado à apresentação dos mais recentes resultados científicos e socioeconómicos sobre o Monte Mabu, uma das florestas tropicais de média altitude mais importantes da África Austral.

O encontro permitiu destacar descobertas científicas inéditas, o potencial hidrológico da região e as oportunidades para negócios sustentáveis, incluindo energia limpa, engarrafamento responsável de água, irrigação e turismo baseado na natureza.

Na intervenção de abertura do evento, o representante do Presidente do Conselho de Administração da BIOFUND, Hélder Muteia, afirmou: “O Monte Mabu é mais do que um local de extraordinária beleza, é uma fonte de vida, um reservatório de conhecimento e um símbolo das oportunidades que emergem quando ciência, conservação e desenvolvimento se unem em prol do bem comum.” Por sua vez, Aude Guignard, representante da União Europeia, destacou as qualidades ecológicas do Monte Mabu e a necessidade de proteger este monte: “Proteger este ecossistema não é apenas uma necessidade ambiental, é um investimento saudável,” afirmou.

Conhecido como “Ilha do Céu”, o Monte Mabu ergue-se a 1.700 metros de altitude no coração da Zambézia, abrigando cerca de 9.000 hectares da maior floresta tropical de média altitude preservada da África Austral. Através do apoio do programa PROMOVE Biodiversidade, financiado pela União Europeia, duas expedições científicas realizadas entre 2023 e 2024 identificaram mais de uma dezena de espécies endémicas, algumas totalmente novas para a ciência, revelando que Mabu ainda guarda capítulos inéditos da história natural.

O consórcio WWF-ReGeCom-RADEZA apresentou um vídeo de Mabu e os resultados relevantes, como a criação de 11 comités comunitários que culminaram na formação do CONSERVAMABU, responsável pela gestão dos recursos naturais do Monte Mabu com envolvimento comunitário. Foram também realizadas delimitações da área proposta para a criação de uma área de conservação comunitária, a submissão da proposta para a sua declaração, duas expedições científicas e a implementação de cadeias de valor como agricultura sustentável e apicultura.

As comunidades fazem parte das decisões: a Administradora do Distrito de Lugela destacou o desejo das comunidades e do distrito, de declarar o Monte Mabu como Área de Conservação Comunitária e lançou o slogan “Se cuidarmos de Mabu, Mabu cuidará de nós”. Histórias de sucesso apresentadas pela CONSERVAMABU demonstraram o forte envolvimento comunitário na conservação e no financiamento sustentável, com o compromisso: “Estamos prontos para trabalhar mobilizando as comunidades a não caçar, não realizar queimadas descontroladas e conservar a nossa floresta.”

Durante o evento, o Instituto Nacional de Irrigação, em colaboração com a Universidade Eduardo Mondlane, apresentou resultados sobre o potencial hidrológico da região. Realizou-se também um painel de debate sobre oportunidades de financiamento e foi apresentada a análise de viabilidade das cadeias de valor implementadas em Mabu, destacando que a combinação de subprodutos da agricultura e da apicultura é a mais promissora. . Entre as limitações, apontou-se a dificuldade de acesso ao Monte Mabu, que pode restringir actividades de ecoturismo e o escoamento de produtos agrícolas.

Realizado numa data em que se celebra o dia internacional das montanhas, 11 de Dezembro, o evento contou com a participação de 96 pessoas presencialmente e 17 online, representando instituições como União Europeia, Banco Mundial, IUCN, UEM, INIR, FUNAE, Maliasili, Água Vumba, Greenlight, Ara-Sul, Cruz Vermelha, Embaixada Alemã, KFW, FCDO-UK, WWF, ReGeCom, RADEZA, WCS, Enabel, FNDS, Parque Nacional da Gorongosa, ABIODES, BCI, MozaBanco, OWAMI, Marmo, FAO, entre outras. A iniciativa teve como objectivo despertar a atenção de diferentes partes interessadas para garantir a continuidade das actividades realizadas em Mabu no âmbito do PROMOVE Biodiversidade, financiado pela União Europeia e gerido pela BIOFUND e pela Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC).

Este programa conta com diferentes implementadores de projectos específicos nas províncias da Zambézia e de Nampula, entre os quais se destaca o consórcio WWF-ReGeCom-RADEZA, responsável pela implementação do Projecto de Apoio à Conservação do Monte Mabu