Enquadrados em comunidades dentro e ao redor de 7 Áreas de Conservação, os membros representantes das comunidades beneficiárias foram unânimes ao afirmar, com bastante entusiamo, durante o seminário com o tema Vozes da Terra, realizado nos dias 25 e 26 de Novembro, que o projecto Mozbio melhorou significativamente as suas condições de auto-sustento.
Publicado em 29/11/2019
Projecto Mozbio 1 alcançou cerca de 70 000 beneficiários
O evento foi organizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS) e a Administração Nacional das Áreas de Conservação com apoio da BIOFUND, tendo como objectivo provocar uma discussão sobre o desenvolvimento comunitário nas Áreas de Conservação em Moçambique, criando uma base de conhecimento e aprendizagem para futuras intervenções.
Edison Rwodzi, técnico do consórcio IUCN/Fundação Micaia/Eco Micaia, um dos provedores de serviço do projecto Mozbio, na Reserva Nacional do Chimanimani, fez menção a alguns dos projectos comunitários desenvolvidos em áreas como a agricultura ecológica, agrossilvicultura, agricultura comercial e apicultura, com enfoque na melhoria das técnicas de produção, expansão de redes, evolução da cadeia de valores e desenvolvimento de planos de negócio. Referiu que os projectos para além de terem beneficiado a milhares de membros das comunidades envolvidas, capacitaram um número considerável de lideres comunitários e permitiram melhorar os níveis de empoderamento da mulher. Um outro destaque, foi o leque de actividades de educação ambiental, com realce para o envolvimento dos clubes ambientais inseridos por via das escolas e não só. No caso de Chimanimani, são exemplo de comunidades beneficiadas: Tsetsera, Mussapa, Phedza, Nhahedzi, Mahate, Mpunga, Zomba, Gotogoto, Macoca e Maronga.
“Sou membro da Associação de Agricultura Comercial, a minha especialidade é a produção de batata reno, feijão e alho, graças as melhorias que tive com apoio do projecto Mozbio, hoje consegui aumentar os meus rendimentos e comprar 4 cabeças de gado bovino”, Rainha Sevene Macaute – membro da associação de Agricultores de Chimanimani. Por seu turno Rabeca Manuel – membro da associação dos apicultores de Chimanimani, disse “graças ao projecto Mozbio, a minha comunidade já têm um comprador fixo para toda produção e sabe também qual é o melhor ambiente para produção de mel”, tendo agradecido ao projecto Mozbio.
Recorde-se que o projecto MozBio 1, foi implementado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável, entre 2015 e 2019, com financiamento do Banco Mundial e uma das suas componentes apoiou o desenvolvimento comunitário de 7 Áreas de Conservação, nomeadamente: o Parque Nacional das Quirimbas, a Reserva Nacional do Gilé, a Reserva Nacional de Chimanimani, o Parque Nacional do Arquipélago do Bazaruto, o Parque Nacional do Limpopo, a Reserva Especial de Maputo e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro. Nestas diferentes áreas, embora com diferentes abordagens, foi notório que o projecto acabou gerando impactos consideráveis e com fortes possibilidades destes mesmos perdurarem para além de 2019, segundo afirmaram os representantes das várias comunidades.
O seminário contou com uma Feira e Exposição das Áreas de Conservação beneficiárias e parceiros de implementação do projecto. Estiveram presentes cerca de 200 participantes, entre membros das comunidades beneficiárias, responsáveis pela administração das Áreas de Conservação, Governos dos Distritos, provedores de serviços, académicos, conservacionistas, investidores.
No contexto desta parceria, a participação da BIOFUND neste evento incluiu uma exposição com cerca de 18 painéis ilustrando alguns habitats relevantes e espécies críticas do país. A sala da exposição foi também palco de demonstrações da importância da biblioteca virtual da BIOFUND como repositório de informação sobre biodiversidade em Moçambique. Paralelamente, o stand da BIOFUND incluiu ainda uma mini exposição fotográfica que procurou criar uma reflexão sobre a importância dos recursos pesqueiros para as comunidades e o dilema da pesca e caça sustentável. A oportunidade serviu também para informar às dezenas de jovens presentes sobre o Programa de Liderança para Conservação de Moçambique e o grande interesse que existe em atrai-los para o sector de conservação.
Importa referir que a BIOFUND foi uma das instituições que beneficiou de apoio institucional do projecto Mozbio 1 e que contribuiu ainda para a canalização e desembolso de cerca de 3 milhões de dólares do projecto, para apoiar custos operacionais de 11 Áreas de Conservação, entre 2017-2019.