Publicado em 22/03/2018


Dia Mundial da Água

O Dia Mundial da Água foi criado em 1993 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas e desde então é celebrado anualmente. A comemoração surgiu no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento e Ambiente que decorreu na cidade brasileira do Rio de Janeiro, em 1992. Os países foram convidados a celebrar o Dia Mundial da Água e a implementar medidas com vista à poupança deste recurso, promovendo a sua sustentabilidade.

A data visa alertar as populações e os governos para a urgente necessidade de preservação e poupança da água, um recurso natural tão valioso.

O tema da campanha das Nações Unidas para o ano de 2018, Natureza para a Água (em inglês, ‘Nature for Water’), explora as soluções baseadas na natureza para os desafios da água que enfrentamos no século XXI.

A mensagem da campanha centra-se na importância das soluções baseadas na natureza, como plantar árvores para repor as florestas, reconectar rios a planícies aluviais e restaurar áreas húmidas, enquanto soluções sustentáveis e económicas para ajudar a reequilibrar o ciclo da água, mitigar os efeitos das mudanças climáticas e melhorar a saúde humana e meios de subsistência. O acesso à água potável tem sido um dos maiores sucessos dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs), todavia para 748 milhões de pessoas ao redor do mundo, obter este serviço essencial continua a ser um desafio.

A nível global, a UNICEF tem vindo a trabalhar para dar resposta a estes desafios. Nos primeiros dez meses de 2017, como resultado do seu apoio, 29,9 milhões de pessoas tiveram acesso a água potável. Em 2018, trabalhando com parceiros e com o apoio de doadores, a UNICEF pretende proporcionar acesso a água potável a 35,7 milhões de pessoas.

Apesar dos resultados obtidos a nível global e embora o acesso à água potável, saneamento e higiene seja o cerne do desenvolvimento económico e social sustentável de uma nação, Moçambique está aquém de atingir as metas dos ODM.

A cobertura do abastecimento de água potável é baixa, situando-se em 49%, com uma grande disparidade entre a cobertura urbana (80%) e a cobertura rural (35%). O desafio de melhorar as condições de Água Saneamento e Higiene (ASH) nas pequenas cidades/vilas é enorme; elas representam cerca de 15% da população urbana de Moçambique, quase 2 milhões de pessoas.

Moçambique tem o compromisso de fornecer acesso universal e equitativo à água potável segura e acessível e o acesso universal ao saneamento e higiene para todos, com foco nas necessidades de mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade, assegurando que todas as escolas e centros de saúde tenham água segura e confiável, saneamento e higiene, até ao ano de 2030.

Exemplo dos esforços já a ser efectuados é o programa de ASH, conhecido como AGUASANI, orçado em 10 milhões de euros, e que corresponde a uma iniciativa conjunta entre o Governo de Moçambique (através da Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento, AIAS), a União Europeia e a UNICEF, e que visa suprir a falta de serviços de abastecimento de água e saneamento em três vilas da província de Inhambane: Homoíne, Morrumbene e Jangamo.

Além dos locais em que os sistemas de abastecimento de água potável ainda não estão disponíveis, as alterações climáticas têm vindo a revelar-se responsáveis por graves impactos na disponibilidade de água. Por exemplo, alterações atmosféricas como tempestades, períodos de seca e frio afectam a quantidade de água disponível e colocam em risco os ecossistemas que asseguram a qualidade da água.

Algumas cidades como Maputo, Matola e Vila de Boane têm vindo a registar restrições cada vez mais regulares e severas no abastecimento de água potável. Estas restrições no fornecimento de água potável têm como objectivo gerir a pouca água que existe na barragem dos Pequenos Libombos, de onde sai a água que é conduzida à Estação de Tratamento de Água de Umbelúzi, que por sua vez alimenta a região referenciada. No mês de Janeiro, no inicio de 2018, a albufeira desta barragem baixou de 20,14% para 19,8%, devido a uma precipitação abaixo da média registada na actual época das chuvas.