O Programa de Liderança para a Conservação de Moçambique (PLCM) realizou, no dia 21 de Julho, uma visita ao Instituto Médio Agrário de Chizolomondo, na província de Tete, no âmbito da monitoria às bolseiras provenientes dos distritos de Mágoè e Zumbo que frequentam o ensino técnico médio com apoio do Programa de Economia Rural Sustentável (MozRural), financiado pelo Banco Mundial.
Educação para a conservação: PLCM e MozRural acompanham progresso de bolseiras em Chidzolomondo
A missão contou com a participação da equipa da Área de Conservação Comunitária de Zumbo e do Parque Nacional de Mágoè, que esteve representado pela Administradora do Parque, Juliana Mwitu. No total, foram acompanhadas 23 estudantes, das quais 10 provenientes de Zumbo e 13 de Mágoè, distribuídas entre os cursos de Agro-pecuária e de Floresta e Fauna Bravia.
Durante a visita, a equipa reuniu-se com a direcção do instituto e com as bolseiras, avaliando o desempenho académico, o comportamento e as condições gerais de segurança e permanência no internato. De acordo com informações partilhadas pelo Instituto, as bolseiras têm demonstrado avanços significativos no aproveitamento escolar e na assiduidade.
A Administradora do Parque Nacional de Mágoè destacou o impacto transformador da iniciativa:
“A presença destas jovens no ensino técnico representa uma semente para o futuro da conservação. Estamos empenhados em continuar a apoiá-las, assegurando que não só acedam ao conhecimento técnico, como também regressem com um forte sentido de compromisso com as suas comunidades e com a preservação dos recursos naturais.”
A visita também permitiu ouvir as vozes das próprias bolseiras, que partilharam os seus desafios e aspirações:
“Estou a aprender muito sobre a importância de proteger os recursos naturais e quero aplicar esse conhecimento na minha comunidade, quando terminar o curso,” afirmou Judith, bolseira do curso de Floresta e Fauna Bravia, natural de Mágoè.
As observações feitas no terreno revelaram um ambiente cada vez mais propício à aprendizagem, com melhorias visíveis no comportamento das bolseiras, maior participação nas aulas e forte empenho académico.
A visita incluiu ainda sessões de sensibilização sobre gestão financeira, reforço dos mecanismos de salvaguarda, entrega de materiais didácticos, e encontros com os responsáveis do internato, que relataram melhorias no comportamento e participação das estudantes. As bolseiras beneficiam também de aulas de reforço, com o objectivo de elevar o seu desempenho académico.
A missão foi concluída com a assinatura de um memorando de colaboração entre o Parque Nacional de Mágoè, Área de Conservação Comunitária de Zumbo e o Instituto Médio Agrário de Chizolomondo, reiterando o compromisso conjunto com a formação técnico-profissional de jovens raparigas provenientes das zonas tampão de Áreas de Conservação, uma aposta clara na capacitação e no futuro sustentável de Moçambique.
BIOFUND participa no VIII Congresso Internacional dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa em Manaus - Amazonas, Brasil
A Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) participa, de 21 a 25 de Julho de 2025, no VIII Congresso Internacional dos Países e Comunidades de Língua Portuguesa, que decorre na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas, Brasil, nas instalações da Fundação Matias Machline. O Congresso reúne cerca de 3.000 participantes provenientes de nove países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A Galícia (uma região autónoma localizada no noroeste da Espanha), também marca presença no congresso. Trata-se de um dos maiores fóruns internacionais voltados ao intercâmbio cultural, científico e institucional entre as nações que partilham a língua portuguesa.
Sob o lema “Educação Ambiental e Acção Local: Respostas à Emergência Climática, Justiça Ambiental, Democracia e Bem Viver”, o congresso tem como objectivo promover o diálogo sobre práticas transformadoras de Educação Ambiental, fortalecer redes de colaboração e apresentar respostas concretas às crises climáticas e socio ambientais, com enfoque na Justiça Ambiental e na participação da cidadania.
Este Congresso representa uma importante etapa preparatória de grande relevância rumo à COP 30, que terá lugar em Belém do Pará, no Brasil, em Novembro do presente ano. Neste contexto, o Congresso pretende alinhar visões, estratégias e compromissos dos países lusófonos na luta contra as mudanças climáticas, reforçando o papel da Educação Ambiental e da cooperação multilateral como pilares para um planeta mais sustentável.
A BIOFUND participa, com apoio do projecto MozNorte, integrando uma delegação composta por: Alexandra Jorge (Directora de Programas), Jéssica Julaia (Gestora de Monitoria e Avaliação), Ernesto Chauque (Oficial de Monitoria e Avaliação), Rosalina Chavana (Especialista de Salvaguardas Ambientais e Sociais) e Geny Alexandre Macezeia (Bolseira do projecto MozNorte). Ao longo dos cinco dias de congresso, a equipa irá envolver-se em sessões plenárias, oficinas temáticas, mini-cursos e visitas de campo, representando Moçambique, em colaboração com outras instituições integrantes da Delegação de Moçambique chefiada pelo Secretário de Estado da Terra e Ambiente, Gustavo Dgedge.
Durante o congresso, a BIOFUND ira partilhar experiências relevantes, acumuladas ao longo dos últimos 10 anos na Área da Conservação da biodiversidade especificamente na Educação Ambiental.
A importância da educação em todos os níveis foi amplamente destacada durante a sessão de abertura do Congresso. No seu discurso de abertura, a Ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil, Marina Silva, sublinhou que:
“As Mudanças Climáticas não são mais uma futura ameaça, mas uma realidade vivida hoje. Apesar da diversidade do escopo de actuação todas as instituições participantes tem o mesmo objectivo, Educar para a Sustentabilidade”.
Que este congresso inspire cada participante a regressar aos seus contextos com renovado compromisso e acção transformadora, em prol do planeta e das futuras gerações.
Saiba mais sobre o congresso, através do link: https://www.even3.com.br/viii-congresso-internacional-de-educacao-ambiental-dos-paises-e-comunidades-de-lingua-portuguesa-483904/
BIOFUND visita o FUNBIO, um dos maiores fundos ambientais da América Latina e do mundo
A Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND, realizou, nos dias 17 e 18 de Julho, um intercâmbio técnico com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade – FUNBIO, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. O intercâmbio teve como principal objectivo o fortalecimento das práticas institucionais da BIOFUND, com foco na monitoria institucional e de projectos, comunicação de resultados, e articulação entre áreas estratégicas como finanças e auditoria interna.
A equipa participante foi composta por Jéssica Julaia, Gestora de Monitoria e Avaliação (M&A), e Ernesto Chaúque, Oficial de M&A. Durante dois dias, as equipas dos dois fundos partilharam experiências, abordagens e boas práticas nas áreas de gestão de projectos, monitoria de impacto, controle financeiro, comunicação e auditoria interna.
As sessões de trabalho destacaram temas centrais como a importância da fluidez da informação entre as áreas técnicas, a transparência na comunicação de resultados, a eficácia nos sistemas de monitoria e o papel fundamental da auditoria interna na melhoria contínua dos processos.
Com quase 30 anos de experiência, o FUNBIO já desembolsou mais de 280 milhões de dólares (apenas nos últimos 15 anos) para cerca de 500 Áreas de Conservação no Brasil. A parceria formal entre o FUNBIO e a BIOFUND teve início em 2016, no âmbito de uma assistência técnica financiada pela Cooperação Alemã através da KfW. Nessa fase, o FUNBIO apoiou a BIOFUND no desenvolvimento de instrumentos estratégicos institucionais, como os Manuais Operacionais e o Plano Estratégico 2018–2022, além de ter desenhado e assessorado o início das formações regulares anuais, para gestores financeiros das áreas de conservação em Moçambique.
Esta foi a terceira missão de intercâmbio entre as duas instituições no Brasil, dando seguimento às primeiras visitas realizadas pela Direcção da BIOFUND em 2017. Na altura, a BIOFUND contava com apenas dois projectos no seu portfólio. Actualmente, a BIOFUND gere um portfólio em execução de aproximadamente 150 milhões de dólares, é membro fundador do Consórcio Africano de Fundos Ambientais (CAFÉ) e tem desempenhado um papel activo na mentoria e capacitação de outros fundos ambientais africanos.
Este intercâmbio antecede a participação da BIOFUND no VIII Congresso de Educação Ambiental, em Manaus, onde a Fundação partilhará a sua experiência acumulada ao longo de mais de 10 anos de actuação em Educação Ambiental em Moçambique.
Parque Nacional de Chimanimani reforça protecção dos pangolins com um centro de reabilitação
A Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) realizou uma visita de monitoria ao Parque Nacional de Chimanimani, em Junho, com o objectivo de acompanhar os avanços do projecto de Resgate, Reabilitação e Soltura do Pangolim. Esta iniciativa procura proteger uma das espécies mais vulneráveis e traficadas do mundo: o pangolim africano (Smutsia temminckii). Este projecto é financiado pelos fundos do Cartão bio, uma parceria entre a BIOFUND e o Banco Comercial e de Investimentos (BCI), que apoia acções inovadoras de conservação em todo o país.
O projecto está a instalar o primeiro centro de reabilitação de pangolins neste Parque. A infra-estrutura está a ser criada a partir da adaptação de um contentor especializado, que garantirá condições apropriadas para o tratamento e recuperação dos animais resgatados. Desde 2021, mais de uma dezena de pangolins já foram salvos nesta área protegida, muitos em estado crítico, vítimas do tráfico ilegal.
O centro de reabilitação integrará uma sala de primeiros socorros, uma zona de quarentena e um recinto exterior controlado, que assegurará um ambiente seguro e apropriado para o tratamento e recuperação gradual dos animais. Paralelamente, a equipa técnica do parque, composta por fiscais e técnicos capacitados por especialistas da África do Sul e da Namíbia, tem vindo a intensificar acções de sensibilização junto das comunidades locais, com o objectivo de reduzir o tráfico e promover uma maior consciência sobre a importância da conservação desta espécie emblemática.
Como próximo passo, será implementado de um programa de monitoria pós-soltura, utilizando tecnologias de telemetria GPS e VHF. Este sistema não só permitirá acompanhar os movimentos dos pangolins reintroduzidos na natureza, como também fornecerá informações cruciais sobre os seus padrões de uso de habitat e potenciais corredores ecológicos preferenciais, contribuindo para o ordenamento e planeamento da conservação a longo prazo.
A criação deste centro e as acções associadas reforçam o compromisso do Parque Nacional de Chimanimani, da BIOFUND e do BCI com a protecção da biodiversidade nacional e o combate ao tráfico de espécies ameaçadas.
Roberto Zolho o Diplomata do Miombo
Por. Jorge Ferrão
Quando o amigo Baldeu Chande se juntou à eternidade, foi tormentoso fazer uma mensagem de elogio ou até de despedida. A dor falava mais alto que qualquer palavra, e qualquer que fosse a mensagem, certamente jamais ecoaria em nenhum coração mais sensato e emocionado. Lidar com a despedida é uma das experiências mais difíceis da vida. As emoções envolvidas, no imediato, nesse processo podem ser avassaladoras, e, muitas vezes, é desafiador encontrar os vocábulos que expressem os sentimentos de perda e saudade. Não se perde apenas um amigo e colega, mas o manancial de vivências, experiências, conhecimentos e de tanto que ficou por partilhar.
Hoje, com o mesmo coração pesado, dilacerado e ainda incrédulo, revivo as emoções para me despedir do companheiro e amigo Roberto Zolho, esse homem de todas as compleições físicas, astuto e perspicaz, mas que, mesmo no silêncio das matas e savanas, dizia mais com os seus actos do que muitos de nós conseguimos dizer por palavras e sugestões. A natureza não se faz com campanhas, reuniões e promessas. Quem vive no seu interior conhece bem os ditames.
Roberto nasceu no coração de Sofala, onde as águas do Pungué se deitam sobre a planície e a terra nos ensina a respeitar o ritmo da chuva, do vento e dos bichos gigantes e de todos os tamanhos. Cresceu e se fez para o mundo num lugar onde a vida dos homens e a vida dos animais se entrelaçam, e talvez por isso, motivado pela vivência, sempre cuidou mais da fauna selvagem e da flora bem mais e melhor do que tomou conta de si próprio. Imagino que deu nome a uma centena de animais e árvores. Conheceu a história de cada um e chorou o final triste de cada árvore abatida na floresta, de cada búfalo que seguiu para caça furtiva e dos contra sensos na Administração destes ecossistemas. Aprendeu a entender os seus instintos e, sobre eles, reproduziu os seus próprios modelos de vida e teorias.
Em Dezembro de 1981, quando a guerra chegou ao Parque Nacional da Gorongosa, agora privatizado e mediatizado, com troféus ocidentais e quase nenhum da comunidade circunvizinha, as balas profanaram aquele santuário; nesse confronto entre irmãos que se desentenderam por motivos políticos, idiossincrasias, sedes pelo poder e democracias envenenadas, ele foi um dos primeiros a erguer-se em defesa dos que lá viviam, bem no interior da Gorongosa, essa montanha final do Vale do Rift, cuidando de homens, mulheres, elefantes, leões, árvores centenárias. Com saber e mestria se converteu num apaziguador, num diplomata das florestas e em alguém que sabia escutar mais do que falar. Quem sabe o seu gaguejar foi um propósito divino.
Zolho se agigantou e, qual Sansão e Dalila convertidos num único ser divino, recriou a arca de Noé dos novos tempos e, sem muita espiritualidade, mas com crenças e determinação, levou o armistício para outros níveis de tranquilidade, onde animais e homens passaram a comungar o sonho da mesma paz, de uma reconciliação e de uma vida de irmandade e distante das armas. Aquilo que o conflito jamais conseguiu conquistar. As armas não fazem amizade nem geram prosperidade. O abraço e a honestidade sim.
Arriscou-se para proteger os outros, como sempre fazem os que protegem a natureza e dela aprendem o sentido da coragem. E depois dessa escuridão, continuou a trabalhar por Moçambique, ajudando a reconstruir não só o parque mas também a esperança. O sonho de Mondlane no seu lutar por Moçambique que continua passando do lado deste Índico idílico.
Foi agraciado com a medalha de Mérito do Ambiente, mas a maior homenagem que a terra lhe presta está na sombra das acácias, no bater de asas das aves que voltaram a Gorongosa, e no olhar dos jovens guardas-florestais que ainda, hoje, seguem os seus passos e seus exemplos. Escutam a sua voz e comando.
Os provérbios da nossa terra são pródigos e revelam bem mais do que a língua portuguesa oferece. Agora me recordei de que “A árvore não come os seus próprios frutos.” Profundo e apropriado para recordar esse amigo e colega de matas e savanas. Roberto foi assim: deu sombra, deu frutos, deu tudo, mas não guardou nada só para si.
Que a sua alma encontre descanso junto das matas de miombo e mopane que ele tanto amou e cuidou. Que os animais que ele protegeu se tornem o seu cântico eterno. E que nós, os que cá ficamos, aprendamos com ele a cuidar daquilo que importa: a terra, a vida, e uns dos outros, reconciliados e em paz com a natureza.
Roberto, a tua pegada permanecerá na areia do nosso tempo e dos novos tempos. (X)
Assembleia de Membros da BIOFUND apresenta resultados de 2024 e renova os Órgãos Sociais
Teve lugar na tarde do dia 3 de Julho de 2025, na Cidade de Maputo, a 3ª sessão da Assembleia de Membros da Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND, que reuniu cerca de 82 participantes, entre representantes e convidados de instituições governamentais e não-governamentais ligadas ao sector da conservação.
Durante a sessão, foi apresentado o Relatório Anual de Actividades e Contas de 2024. Ao longo do ano de 2024, a BIOFUND consolidou-se como uma referência Nacional e internacional em soluções de financiamento para a conservação da biodiversidade, estabeleceu parcerias estratégicas com fundos ambientais de África, América Latina e Caribe, e capacitou oito Fundos Fiduciários para a Conservação CTFs. A nível nacional, reforçou a colaboração com parceiros locais na implementação de projectos em áreas de conservação, capacitação de quadros e sensibilização da sociedade civil, com destaque para jovens.
Em termos financeiros, a BIOFUND alcançou uma execução elevada do orçamento de 96%, dos quais 19,3 Milhões de USD, foram directamente canalizados para os beneficiários financiamento a programas, demonstrando uma gestão eficiente e orientada para missão principal.
Durante a sessão, o Prof. Jorge Ferrão, em representação do Conselho de Administração, na qualidade de Vice-Presidente do órgão, afirmou que:
“Continuamos a nos orgulhar, pois ao longo dos anos a BIOFUND consolidou a sua posição como uma instituição robusta a nível nacional e internacional. E todo este trabalho é resultado do esforço da equipa da BIOFUND, os parceiros e todos os beneficiários, a quem desde já endereço os meus sinceros agradecimentos.”
Apesar dos resultados positivos, foi sublinhada a importância de reforçar a monitoria do impacto da BIOFUND nos ecossistemas onde actua, bem como de investir em mecanismos de financiamento inovadores que assegurem a sustentabilidade da Fundação a longo prazo.
A sessão incluiu a eleição de 26 novos membros ordinários da BIOFUND (16 individuais e 10 institucionais), bem como a renovação dos mandatos dos órgãos sociais, onde destacamos o final dos mandatos do PCA (Narciso Matos) e o Vice Presidente (Jorge Ferrão), e a eleição de 4 novos membros do Conselho de Administração, e um 1 novo membro do Conselho Fiscal, os dois órgão sociais se reunirão em breve para eleger o novo PCA e Vice Presidente e o novo Presidente do Conselho Fiscal.
A sessão foi seguida de uma apresentação científica sobre a Iniciativa Montanhas de Moçambique, visando a promoção da conservação e valorização dos ecossistemas montanhosos do país.
BIOFUND assinala o desaparecimento físico de Roberto Zolho, membro fundador e referência incontornável na conservação da biodiversidade em Moçambique
A Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND, com imensa consternação e profunda dor, comunica o desaparecimento físico de Roberto Zolho, um dos membros fundadores desta instituição e Secretário da Mesa da Assembleia de Membros desde 2021. Roberto Zolho partiu vítima de doença, deixando-nos de forma prematura e inesperada. A sua partida representa uma perda irreparável para a comunidade da conservação da biodiversidade em Moçambique e internacionalmente, à qual dedicou grande parte da sua vida com paixão, visão e entrega.
Homem íntegro, de espírito generoso e incansável defensor da natureza, Zolho deixa um legado inspirador de compromisso e amor pela causa ambiental, que continuará a ecoar no trabalho da BIOFUND e em todos os que com ele caminharam.
Com uma carreira de mais de 35 anos de trabalho, Roberto Zolho destacou-se como um profundo conhecedor da biodiversidade moçambicana e africana, com especializações em vida selvagem e gestão de áreas protegidas. A sua vida profissional foi marcada por uma entrega incondicional à conservação da natureza, reflectida no seu percurso exemplar em instituições governamentais, e não governamentais nacionais e internacionais, bem como agências multilaterais, com intervenções significativas em Moçambique, Tanzânia, África do Sul e Austrália. Entre as funções marcantes que desempenhou destacam-se::
- Administrador do Parque Nacional da Gorongosa (1996 – 2007), onde liderou a recuperação de ecossistemas, coordenou programas de contagem de fauna e conduziu as primeiras operações de reintrodução de espécies;
- Chefe dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia em Sofala, onde promoveu o ordenamento florestal e o fortalecimento de programas comunitários;
- Coordenador do Programa Limpopo Heartland na African Wildlife Foundation (AWF);
- Coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Desenvolvimento da IUCN Moçambique;
- Coordenador do Programa Transfronteiriço do Corredor Selous-Niassa na WWF-Tanzânia;
- Coordenador do Programa de Restauração de Terras Degradadas e Paisagens Florestais no Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), onde liderou iniciativas nacionais alinhadas com compromissos globais como o AFR100 e o Desafio de Bona;
- E mais recentemente, Coordenador para o Millennium Challenge Corporation para os assuntos de adaptação climática.
Pelo seu notável contributo à conservação da natureza, Roberto Zolho foi condecorado em 2022 com a Medalha de Mérito do Ambiente, atribuída pelo então Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, uma distinção solene e merecida, que reconhece o seu impacto profundo e duradouro no sector da conservação em Moçambique.
Para além da sua acção incansável no terreno e da sua capacidade ímpar de liderança, Roberto Zolho foi também autor de diversos estudos e publicações de referência sobre biodiversidade, mudanças climáticas, planeamento de áreas protegidas e uso sustentável de recursos. O seu pensamento técnico e científico contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento e profissionalização do sector de conservação da natureza no país.
Para a BIOFUND, Zolho não foi só um integrante do Comité de Fundadores, mas também membro do Conselho de Administração durante vários anos, continuando activo após a sua saída desse órgão, desempenhando o papel de Secretário da Mesa da Assembleia de Membros, tendo renovado o seu mandato no dia 3 de Julho do presente ano. Roberto Zolho teve um papel activo e inspirador. Com uma presença generosa e sempre disponível a partilhar o seu saber com humildade, deixando uma marca indelével na história e no coração da Fundação.
Roberto Zolho parte fisicamente, mas o seu legado permanece vivo na biodiversidade que ajudou a preservar, nas políticas que ajudou a construir, e nos inúmeros profissionais que formou e influenciou com o seu exemplo.
À família, amigos e colegas, a BIOFUND endereça as mais sentidas condolências e expressa a sua profunda gratidão por tudo o que este notável defensor da natureza fez pelo futuro da biodiversidade do nosso país .
Descansa em paz, Roberto Zolho. A tua memória permanecerá viva entre nós, como um farol de esperança, sabedoria e compromisso com a conservação do nosso património natural.
BIOFUND Lança a Iniciativa dos Ecossistemas Montanhosos de Moçambique
Evento histórico que reúniu diversos especialistas, instituições governamentais chave, instituições académicas e de investigação, ONGs de conservação, sector privado, e parceiros de desenvolvimento para abordar protecção da biodiversidade nacional face às crescentes ameaças ambientais
O Grupo de especialistas que pretende impulsionar a conservação das montanhas de Moçambique entre os quais a ANAC, a WWF, a ReGeCom, a NITIDADE, o Parque Nacional da Gorongosa, o Parque Nacional de Chimanimani, cientistas nacionais e internacionais, o Fundo de Conservação do Malawi junto com a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) realizou ontem, no Hotel Radisson Blu, o seminário de lançamento da Iniciativa dos Ecossistemas Montanhosos de Moçambique (IMM), uma plataforma de acção concertada que visa a protecção e uso sustentável dos serviços ecossistémicos oferecidos pela rica rede de montanhas do país. O evento, que decorreu sob o lema “Jornada rumo à Protecção e uso Sustentável da Rede de Montanhas de Moçambique”, reuniu mais de 160 participantes, incluindo representantes governamentais, académicos, sociedade civil, sector privado e parceiros de desenvolvimento.
Contexto Crítico e Urgência de Acção
O lançamento da iniciativa surge num momento particularmente crítico, em que os ecossistemas montanhosos moçambicanos enfrentam pressões crescentes de devastação. Os organizadores referiram casos recentes como o documentado no Monte Mabo, distrito de Lugela, Zambézia, onde foram identificados nove pontos de corte ilegal de madeira da espécie Umbila, conforme noticiado no “Bom dia Moçambique”, TVM, no dia 26 de Junho de 2025, com o envolvimento de cidadãos estrangeiros e líderes comunitários locais. Esta situação ilustra a urgência das medidas de protecção que a IMM pretende implementar. Deve-se destacar que decorre desde 2020 o programa PROMOVE Biodiversidade cujo resultado principal é criar instituições locais (CONSERVAMabu) que possam liderar a gestão do Monte Mabu, estabelecer a área de conservação comunitária cobrindo cerca de 9300 ha delineados de forma participativa com as comunidades locais e desenvolvendo meios de vida sustentáveis gerando emprego e renda que incentive a conservação da biodiversidade.
Valor Estratégico dos Ecossistemas Montanhosos
Durante o seminário, foi destacado que os ecossistemas montanhosos de Moçambique são ricos em biodiversidade contribuindo significativamente para serviços ecossistémicos essenciais, incluindo regulação hidrológica, fertilidade do solo, polinização e estabilização climática. Julian Bayliss, orador principal, apresentou dados científicos que demonstram como estas montanhas possuem espécies plantas e faunísticas endémicas, raras, novas para a ciência, ameaçadas de extinção segundo a classificação da Lista Vermelha de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Estes serviços apoiam directamente a economia nacional gerando emprego, renda, impostos entre outros através do fornecimento de água às áreas urbanas, oferta de água mineral (Namaacha, Gurué e Vumba), pesca e geração de energia hidroeléctrica para além de oferta de serviços que contribuem na segurança alimentar. Os ricos mitos e costumes socioculturais associados às montanhas salvaguardam outros serviços ecossistémicos incluindo a protecção da biodiversidade.
Apresentadas experiências de engajamento da comunidade na gestão sustentável das montanhas de Manica, Sofala e Zambézia
O seminário incluiu um painel especializado com representantes de quatro montanhas emblemáticas:
- António Ngovene (Chimanimani) apresentou os resultados do levantamento de indicadores de biodiversidade, destacando características ecológicas e socioculturais únicas
- Thor Kuchler (Gorongosa) focou nas soluções implementadas, desde meios de vida sustentáveis a programas de restauração da montanha, demonstrando modelos eficazes de participação comunitária
- Sá Nogueira (Namuli) abordou as intervenções de uso sustentável implementadas e o seu efeito positivo no bem-estar das comunidades locais
- António Serra (Mabu) partilhou as etapas de estabelecimento da área de conservação comunitária, enfatizando a liderança comunitária na gestão e sustentabilidade financeira.
Chamada Nacional à Acção
José Monteiro e Camila de Sousa foram responsáveis por fechar este evento com o lançamento oficial da IMM através de um apelo específico dirigido a diversos sectores da sociedade moçambicana:
- Investigadores e Estudantes foram chamados a intensificar estudos sobre ecologia, biodiversidade, antropologia, história, cultura e valor económico das montanhas
- Organizações da Sociedade Civil e Sector Privado foram apelados a apoiar as comunidades no desenvolvimento de cadeias de valor sustentáveis, exploração de oportunidades económicas em parceria com comunidades locais e estabelecimento de mecanismos de pagamento pelos serviços ecossistémicos
- Governo foi instado a criar ambiente favorável para a protecção, gestão sustentável e pagamento pelos serviços dos ecossistemas montanhosos
- Parceiros de Desenvolvimento foram convidados a apoiar programas que abordem a biodiversidade das montanhas e contribuam para a regulação climática e hidrológica dentro das fronteiras nacionais e transfronteiriças.
Contexto histórico da iniciativa
A IMM resulta da participação de investigadores e profissionais moçambicanos na 2ª Conferência de Montanha da África Austral (SAMC), realizada na África do Sul em Março de 2025, que galvanizou a necessidade de uma acção concertada com vista à protecção nacional e transfronteiriça das montanhas. Cientistas internacionais e nacionais, profissionais e representantes governamentais realizaram posteriormente sessões de reflexão para conceptualizar esta iniciativa.
Próximos passos
A Iniciativa dos Ecossistemas Montanhosos de Moçambique estabelece-se agora como plataforma permanente de reflexão e acção para a protecção, promoção do uso sustentável e pagamento pelos serviços ecossistémicos das montanhas moçambicanas e transfronteiriças. A iniciativa incluirá uma agenda de curto e longo prazo, envolvendo todos os sectores da sociedade na preservação deste património nacional e internacional único.
BIOFUND recebe Rob Walton em visita estratégica sobre conservação da biodiversidade
A Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND, recebeu recentemente, a visita de Rob Walton, empresário e conservacionista norte-americano, numa visita estratégica a Moçambique, que reforça o papel do país na conservação da biodiversidade. A visita teve como objectivo explorar sinergias e parcerias em torno de iniciativas de financiamento inovador e conservação de Áreas de Conservação prioritárias.
Rob Walton, é amplamente reconhecido como ex-presidente do Walmart e actual proprietário principal da equipa de futebol americano Denver Broncos. Para além do mundo dos negócios, Walton tem se dedicado intensamente à conservação da biodiversidade e a sustentabilidade, liderando iniciativas pioneiras no Walmart e estabelecendo parcerias com organizações como a Conservation International. Actualmente, concentra os seus esforços na conservação da biodiversidade, numa escala global.
Em 2024, por meio da Rob Walton Foundation, financiou um estudo em parceria com a Wildlife Conservation Society (WCS), African Parks e Frankfurt Zoological Society, que identificou 162 áreas protegidas em África com potencial para contribuir de forma significativa para a conservação da biodiversidade. Estas áreas representem cerca de 33% das terras protegidas e abrigam 71% das espécies de vertebrados ameaçadas. Denominadas “Áreas Protegidas-Chave” (Keystone Protected Areas), essas regiões são consideradas pilares ecológicos, com capacidade de irradiar benefícios ambientais e socioeconómicos para as paisagens ao seu redor.
Neste sentido, o projecto propõe uma nova forma de identificar áreas resilientes que desempenham um papel estratégico na conservação da biodiversidade e na prestação de serviços ecossistémicos. Entre essas áreas, oito estão localizadas em Moçambique, reforçando o papel do país na agenda continental de conservação.
Durante a visita aos escritórios da BIOFUND, em Maputo, Rob Walton e a sua equipa puderam apreciar a trajectória da instituição e o estado actual do apoio às Áreas de Conservação em Moçambique. Duko Hopman, Director Executivo da Rob Walton Foundation, afirmou:
“Ouvi falar muito sobre a BIOFUND ao longo dos anos e estou feliz por finalmente conhecê-los. Todas essas actividades se alinham com os nossos objectivos, e estamos certos de que a BIOFUND pode desempenhar um papel importante, especialmente em mecanismos de financiamento inovadores como trocas de dívida por natureza, contrabalanços de biodiversidade e compensações ambientais.”
Por sua vez, Sean Nazerali, Director dos Financiamentos Inovadores da BIOFUND, defendeu a importância de modelos de gestão partilhada nas Áreas de Conservação:
“A co-gestão é o caminho certo entre os diferentes actores na conservação, e há necessidade de comunicar claramente o valor da conservação para a economia e para as comunidades. Conservação é desenvolvimento. Se quisermos uma economia sustentável, precisamos conservar.”
A visita de Rob Walton marca um passo significativo para futuras colaborações internacionais e reforça o papel da BIOFUND como actor-chave em mecanismos de financiamento sustentável para a conservação. Em estreita colaboração com a ANAC, entidade responsável pela gestão das áreas de conservação em Moçambique, esta parceria fortalece a capacidade institucional do país. A abordagem das Áreas Protegidas-Chave poderá vir a orientar a próxima geração de investimentos estratégicos na biodiversidade africana, com Moçambique em posição central nesse processo.
Estagiários do PLCM promovem soluções concretas para a conservação e desenvolvimento sustentável em Sofala
No âmbito do Programa de Liderança para a Conservação de Moçambique – PLCM, implementado pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND e financiado pela Embaixada da Suécia desde 2023, a BIOFUND, realizou entre os dias 9 a 13 de Junho de 2025, uma missão de monitoria aos centros de estágio na Província de Sofala, onde actualmente estão alocados nove jovens estagiários em cinco instituições parceiras: Associação Moçambicana de Reciclagem (AMOR), Associação Adventista para o Desenvolvimento, Recursos e Assistência (ADRA) Moçambique, Reserva Nacional de Marromeu, Fundo Mundial para a Natureza (WWF e Nyati Safaris – Coutada 14.
A missão visou acompanhar os estagiários no terreno, avaliar o cumprimento dos planos de estágio, recolher histórias de impacto e fortalecer os laços com os centros de estágio. Durante a missão, foi notório o envolvimento activo dos estagiários em acções concretas de conservação, educação ambiental, apoio técnico e desenvolvimento comunitário.
Na ADRA, no Distrito de Nhamatanda, as estagiárias Esperança Rafael e Vânia Alexandre, formadas em Biologia Aplicada, e Agro-pecuária, respectivamente, apoiam a produção de mudas de espécies florestais no viveiro comunitário local, a consolidação de uma área de conservação comunitária, capacitam agricultores em técnicas de melhoria dos processos produtivos e promovem a produção de fogões melhorados, que são mais eficientes e reduzem o uso de lenha e carvão.
O impacto do trabalho das estagiárias é reconhecido pelas comunidades locais. Simão Wite, presidente do grupo de camponeses beneficiários das capacitações, afirmou:
“Com o apoio da Esperança e Vânia, aprendemos novas técnicas que melhoram o rendimento das nossas machambas. Hoje já conseguimos produzir milho e hortícolas em maior escala. A vida dos membros do grupo está a mudar para melhor.”
Na Associação AMOR, Domingas António, Engenheira Florestal lidera jornadas de limpeza e sensibilização ambiental com as comunidades urbanas e escolares, reconhecendo que pequenas acções podem transformar percepções e práticas em relação aos resíduos sólidos e apoia a identificação de parceiros para a reciclagem de resíduos sólidos recolhidos ao longo da costa da Cidade da Beira. “Decorridos pouco mais de 2 meses de estágio, sinto que o meu valor no mercado laboral subiu”, referiu a estagiária, realçando o aprendizado, experiências e as mais valias técnico-profissionais adquiridas no âmbito do programa de estágio.
Na Reserva Nacional de Marromeu, Lourenço Maputo, formado em Administração do Trabalho contribui na área de Administração, Finanças e Recursos Humanos, com destaque para a gestão administrativa, prestação de contas e processos de aquisição de bens e serviços para a Área de Conservação. “O estágio permitiu-me perceber a importância da boa gestão administrativa e financeira no suporte às actividades de conservação. Compreendi que a sustentabilidade ambiental está também ligada à eficiência organizacional”, afirmou.
Enquanto isso, Paulo Wamano, Engenheiro de Construções Rurais e Ordenamento de Território, elabora projectos de infra-estruturas sustentáveis, faz o mapeamento e ordenamento territorial e participa na fiscalização de obras das novas infra-estruturas da reserva.
“Trabalhar numa área de conservação como Marromeu permite-me alinhar a engenharia com a sustentabilidade ambiental. Estou a trabalhar de forma prática com construções modulares e isso vai impactar positivamente no crescimento profissional”, destacou Paulo Wamano.
Já na WWF em Marromeu, as estagiárias Carlota Halafo e Eunísia Marumete, formadas em Sociologia, e Florestas e Fauna Bravia, respectivamente, apoiam a implementação do Projecto ECO-DRR, uma iniciativa de soluções baseadas na natureza para a redução de riscos de desastres, com foco nos ecossistemas do Delta do Zambeze.
Estes jovens demonstram que, com orientação adequada, oportunidades de aprendizagem no terreno e envolvimento directo com as comunidades e os ecossistemas, é possível formar líderes preparados para enfrentar os desafios da conservação da biodiversidade em Moçambique. A missão confirmou que os jovens estão não só a adquirir competências práticas, mas também a inspirar mudanças reais nas comunidades e instituições onde estão inseridos.
Sobre o PLCM, a BIOFUND e a ANAC
Criado em 2019 pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade, o Programa de Liderança para a Conservação de Moçambique (PLCM) tem como objectivo atrair, formar e reter jovens talentos para o Sistema Nacional das Áreas de Conservação. O programa opera com o financiamento da Embaixada da Suécia e à cooperação estratégica com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), entidade estatal responsável pela gestão das Áreas de Conservação.
Nesta parceria, a BIOFUND gere os recursos financeiros, selecciona, aloca e acompanha os estagiários; a ANAC facilita a alocação em Áreas de Conservação e garante orientação técnica; a Suécia assegura o financiamento que torna possível proporcionar experiências de campo transformadoras. Juntos, estes actores promovem soluções de conservação baseadas em evidência e fortalecem o capital humano que salvaguardará a biodiversidade moçambicana para as gerações futuras.
Conserva Mabu: Comunidades em Acção pela Biodiversidade com o Apoio do PROMOVE Biodiversidade
O Monte Mabu, uma das áreas beneficiárias do programa PROMOVE Biodiversidade, destaca-se como um dos locais de maior valor ecológico em Moçambique. Com uma altitude máxima de cerca de 1700 metros e uma floresta de montanha que cobre 7880 hectares, esta região alberga espécies novas para a ciência, possui uma alta taxa de endemismo e inclui espécies listadas na Lista Vermelha da IUCN. Devido à sua importância ecológica e cultural, é essencial declarar a floresta do Monte Mabu como uma área de conservação comunitária com gestão efectiva.
No âmbito do PROMOVE Biodiversidade, o Projecto de Apoio à Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Comunitário do Monte Mabu, implementado pelo consórcio WWF-ReGeCom-RADEZA com financiamento da União Europeia sob gestão da Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND, foram criados 11 comités comunitários e foi estabelecida a unidade de gestão, associação conhecida como Conserva Mabu.
Criada em 2023 e sediada em Nangazi, a Conserva Mabu representa os 11 comités comunitários locais na gestão da Floresta de Mabu. Esta unidade de gestão tem se destacado pelo seu engajamento nas actividades de conservação do Monte Mabu entre as quais a delimitação da área proposta para a Área de Conservação Comunitária totalizando 9300 ha. A Conserva Mabu participou junto com a Administração de Lugela na submissão do pedido de declaração desta área de conservação à ANAC.
Os membros da Conserva Mabu realizam regularmente actividades de conscientização ambiental, remoção de armadilhas de caça na floresta e contribuem na promoção de meios de subsistência sustentáveis, como a agricultura de conservação, a apicultura e identificação de rotas para turismo ecológico. Essas iniciativas não apenas protegem a biodiversidade, mas também melhoram a qualidade de vida das comunidades locais, criando um modelo de desenvolvimento sustentável que pode ser replicado em outras regiões.
A Conserva Mabu é um exemplo inspirador de como a colaboração entre organizações internacionais, governo local, provincial e central e comunidades com o apoio de parceiros de desenvolvimento, pode impulsionar uma gestão participativa eficaz, garantindo a preservação da biodiversidade para a actual e as futuras gerações. Contudo, o sucesso desta abordagem participativa exige o reforço da capacidade técnica, liderança e governação transparente desta unidade de gestão. O programa PROMOVE Biodiversidade contribui na construção destes modelos de conservação da biodiversidade liderada pela comunidade nas paisagens beneficiárias.
Formação profissional reforça subsistência sustentável e conservação na Reserva do Niassa
No final do primeiro trimestre de 2025, vinte jovens residentes na Reserva Especial do Niassa concluíram cursos intensivos de electricidade e sistemas fotovoltaicos, corte e costura, e culinária e pastelaria no Centro de Educação Sustentável, em Pemba. A iniciativa integra o Projecto de Resiliência Rural do Norte de Moçambique (MozNorte), financiados pela Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA/Banco Mundial), implementado pela Wildlilife Conservation Society (WCS Moçambique), com a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) como agência fiduciária e o apoio do Governo de Moçambique.
O MozNorte actua em 18 distritos das províncias de Niassa, Cabo Delgado e Nampula, onde beneficiará directamente cerca de 300 comunidades. O objectivo é melhorar os meios de subsistência das populações vulneráveis, com destaque para deslocados internos e garantir a gestão sustentável dos recursos naturais em paisagens críticas do Norte do país.
Os cursos concluídos inserem-se na subcomponente “estabilização dos meios de subsistência através de desenvolvimento dirigido pela comunidade”, parte da Componente 1 do projecto, que visa “melhorar o acesso a meios de subsistência e infra-estruturas comunitárias”. Esta subcomponente financia formação, pequenos negócios e infra-estruturas de mão-de-obra intensiva para gerar rendimentos rápidos, promover coesão social e reduzir pressões sobre a floresta, a fauna e a pesca artesanal.
Ao longo de oito semanas os formandos, seleccionados nos distritos de Mecula e Mavago, aprenderam competências técnicas e noções de saúde e segurança, gestão financeira e serviço ao cliente. O conhecimento adquirido abre oportunidades de auto-emprego e criação de micro-empresas, diversificando a economia local e reforçando a resiliência das famílias perante choques climáticos e conflitos.
Até 2026, o MozNorte prevê replicar iniciativas semelhantes noutros distritos, articulando-as com agricultura de conservação, pesca sustentável e co-gestão de áreas de conservação, de modo a consolidar renda, inclusão social e protecção da biodiversidade nas regiões mais frágeis do Norte do país.
Missão conjunta do PROMOVE Biodiversidade reforça conservação e desenvolvimento sustentável nas Ilhas Primeiras e Segundas
Decorreu de 19 a 23 de Maio, a missão de monitoria conjunta do Programa PROMOVE Biodiversidade, na Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas (APAIPS), na província de Nampula.
Durante cinco dias, uma equipa multissectorial percorreu a região – Cidade de Nampula, Angoche e Moma – para avaliar o progresso das actividades implementadas, grau de alcance dos resultados e reforçar o compromisso com a conservação efectiva da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
A missão liderada pelo Gabinete do Ordenador Nacional (GON), reuniu representantes da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e Administração da APAIPS, da União Europeia (UE), Directora de Programas da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e Coordenadora do Programa PROMOVE Biodiversidade (BIOFUND) e o parceiro de implementação, o consórcio liderado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) com a KULIMA e AENA.
Na Cidade de Nampula, os membros da missão reuniram-se com o Secretário de Estado e o Director Provincial de Agricultura e Pescas, que destacaram a necessidade de alinhar a conservação ambiental ao desenvolvimento sustentável, com benefícios directos para as comunidades. Foram apontadas iniciativas como apoio à pesca em alto mar, promoção da aquacultura, educação nutricional e melhoria das vias de acesso, como a estrada Nametil–Angoche, actualmente em construção com apoio da União Europeia.
Em Angoche e Moma, a missão reuniu-se com autoridades distritais que reforçaram o seu compromisso com a conservação e o desenvolvimento comunitário, destacando acções como a fiscalização conjunta, repovoamento do mangal e estudos sobre pagamento por serviços ambientais (p.e. os créditos de carbono). Seguiu-se a visita a comunidades beneficiárias, incluindo Pulizica, Mucoroje, Mucucune, Corane e à Ilha de Mafamede, onde foram identificados desafios de fiscalização e boas práticas de educação ambiental lideradas por crianças. Foram também apresentadas iniciativas comunitárias que conjugam conservação e geração de rendimento:
- Infra-estruturas de processamento de pescado – tanques de lavagem, salgamento, estendais de secagem e casas de congelamento do peixe em construção em Pulizica e Mucoroge, com formação técnica assegurada pela Kulima e WWF;
- Engorda de caranguejo – com gaiolas experimentais que aumentam o valor do produto antes da venda, apoiadas pela WWF;
- Apicultura melhorada – colmeias sustentáveis instaladas no mangal, com formação conduzida pela WWF em parceria com uma empresa privada, promovendo a produção de mel para geração de renda e a protecção do ecossistema.
- Estufa de produção de hortícolas na comunidade de Mucucune – a construção de um tanque de armazenamento de água, a captação de água do rio com força de uma bomba e rega por aspersão alimentadas por energia solar visa a produção de mudas para os membros do grupo que gere a estufa e para a comercialização na comunidade de modo a gerar renda e contribuir para incorporação dos vegetais na sua dieta alimentar.
- Protecção dos santuários de Pulizica e de Corane – o denominador comum é que as comunidades entendem a sua importância para o aumento da produtividade, contudo ainda não se abstêm totalmente das actividades ilegais. Os monitores clamam por incentivos! O desafio está na definição do tipo de incentivos e sua sustentabilidade; o papel da comunidade como beneficiária na oferta de tais incentivos, entre outros.
- Monitoria orientada para a gestão – esta envolve agentes SMOG, agentes comunitários e monitores que por um lado, registam os dados das actividades ilegais nos santuários e na costa em geral, enquanto outros sensibilizam os infractores a entenderem o benefício de manter os berçários de reprodução do pescado para aumento das capturas.
De frisar que estas iniciativas são financiadas pela União Europeia no âmbito do programa PROMOVE Biodiversidade e demonstram as alternativas de meios de vida sustentáveis que podem contribuir na redução da pressão sobre os recursos naturais marinhos. Mas a sua viabilidade económico-financeira e geração de benefícios tangíveis assim como a escala continuam a merecer atenção dos parceiros envolvidos nesta acção!
A missão evidenciou que a conservação e o desenvolvimento devem avançar em conjunto, exigindo o envolvimento activo das comunidades, governo e sector privado. Para garantir impacto e sustentabilidade, é essencial melhorar o acesso e investir em infra-estruturas básicas (água, energia, saúde e educação). O PROMOVE Biodiversidade tem reforçado a protecção das Ilhas Primeiras e Segundas e investe no futuro das comunidades que delas dependem. Mas a escala deve ser maior para se alcançar uma transformação efectiva!
Do Monte Mabu para a linha da frente da conservação: a caminhada de Lúcia Manhique
Lúcia Manhique é uma jovem moçambicana que se tornou símbolo de resiliência e dedicação na conservação da biodiversidade em Moçambique. Formada em Topografia pelo Instituto Politécnico de Ciências, Terra e Ambiente Lúcia integrou a 6ª edição do Programa de Liderança para a Conservação de Moçambique – PLCM, implementado pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND e financiado pela Embaixada da Suécia desde 2023. Este programa visa fortalecer o Sistema Nacional das Áreas de Conservação, em estreita coordenação com a Administração Nacional das Áreas de Conservação – ANAC, capacitando jovens profissionais com formações diversas e promovendo competências de liderança e sensibilização ambiental.
No terreno, trabalhou no programa PROMOVE Biodiversidade ao lado de parceiros como o Fundo Mundial para a Natureza – WWF, a Rede para Ambiente e Desenvolvimento Comunitário Sustentável da Zambézia – RADEZA e a Rede para a Gestão Comunitária dos Recursos Naturais – ReGeCom, contribuindo com mapeamento técnico e sensibilização comunitária no Monte Mabu. Mas a sua jornada não foi fácil. Adaptar-se à realidade do campo, dominar ferramentas especializadas e conquistar a confiança das comunidades exigiu mais do que conhecimento técnico, exigiu empatia, paciência e persistência.
Para comunicar melhor com as comunidades, Lúcia passou a organizar reuniões participativas e a utilizar materiais visuais (mapas e infográficos) para explicar os objectivos dos projectos. Essas estratégias fortaleceram a colaboração local, demonstrando a importância de uma abordagem inclusiva e participativa.
A formação da Lúcia em Topografia revelou-se essencial para identificar áreas prioritárias de conservação, como zonas de recarga de aquíferos, habitats críticos e regiões susceptíveis à erosão. Mapas topográficos detalhados ajudaram no planeamento de corredores ecológicos, na mitigação de impactos de infra-estruturas e na monitoria de mudanças ambientais ao longo do tempo.
Neste percurso, através de mentoria, workshops técnicos e estudo autónomo, Lúcia desenvolveu competências que lhe permitiram superar obstáculos e crescer profissionalmente.
Para Lúcia, uma das maiores lições do estágio foi a importância da interdisciplinaridade:
‘‘Integrar conhecimentos técnicos como topografia, com saberes locais é fundamental para projectos de conservação duradouros. Além disso, desenvolvi a resiliência para lidar com imprevistos em campo e habilidades de mediação de conflitos e pude intervir de forma teórica e prática em actividades de agricultura de conservação, aumentando assim as minhas habilidades profissionais, que com certeza serão úteis para projectos futuros.’’
Após o estágio, o PLCM consolidou o interesse de Lúcia ao mostrar o impacto tangível da vivência em projectos multidisciplinares e o contacto com espécies ameaçadas que reforçaram sua motivação para actuar na linha de frente da conservação. Actualmente, recebeu uma proposta para trabalhar com desenvolvimento comunitário em prol da conservação da biodiversidade na Zambézia.
Aos jovens interessados em seguir um caminho semelhante, Lúcia deixa um conselho:
“Invistam em capacitação técnica, desenvolvam empatia para trabalhar com comunidades, participem em programas práticos como o PLCM, estejam abertos a aprender com erros e persistam mesmo diante de desafios complexos. A conservação exige tanto conhecimento científico quanto compromisso social”.
Moçambique intensifica a partilha de experiência prática com diferentes actores para a implementação de contrabalanços de biodiversidade através de visitas de campo ao Parque Nacional de Chimanimani e Distritos de Nacala e Mossuril
No âmbito da aplicação da Directiva sobre Contrabalanços de Biodiversidade (Diploma Ministerial nº 55/2022 de 19 de Maio), o Governo de Moçambique, através do Programa COMBO+, promoveu entre os dias 13 e 21 de Maio de 2025 duas visitas técnicas de campo: uma no Parque Nacional de Chimanimani (PNC) no Distrito de Sussundenga, Província de Manica e outra nas localidades de Cabaceira Grande no Distrito de Mossuril e Janga no Distrito de Nacala-Porto, Província de Nampula. As visitas tiveram o objectivo de partilhar experiências, identificar boas práticas e consolidar capacidades técnicas e institucionais na implementação de contrabalanços de biodiversidade no país, em particular com o apoio das comunidades locais.
Em cada local, as visitas reuniram mais de 50 participantes, incluindo representantes do Governo central e provincial, sector privado, sociedade civil e comunidades locais. Estas trocas de experiências permitiram aprofundar o entendimento técnico do sector privado sobre os mecanismos de planeamento, execução e monitoria dos Planos de Gestão de Contrabalanços de Biodiversidade (PGCB) que visam compensar impactos residuais negativos de projectos de desenvolvimento económico. A visita reforçou a importância da priorização de Áreas de Conservação (ACs) subfinanciadas que não estão a alcançar os seus objectivos de conservação e de áreas-chave para a biodiversidade (KBAs) sob ameaças de degradação como espaços prioritários para implementação de futuros contrabalanços de biodiversidade, de acordo com o que se encontra plasmado na Directiva sobre Contrabalanços de Biodiversidade.
Durante a visita a Nacala-Porto, a equipa visitou uma área localizada na zona de Janga que está em vias de ser validada como KBAs. Trata-se de um ecossistema único em Moçambique e em toda a região da costa oriental africana, constituído por destroços de coral e que abriga um complexo de mais de vinte e três lagoas interligadas por túneis subterrâneos com ligação ao mar. A área alberga muitas espécies de fauna terrestres e aquáticas, algumas das últimas com potencial de serem novas para a ciência. A mesma é composta por um tipo de vegetação de características muito especiais, altamente vulnerável, que inclui espécies endémicas e ameaçadas. Contudo, a área encontra-se sob forte ameaça devido à exploração de carvão vegetal e mineração de calcário.
A componente comunitária foi enfatizada durante as visitas de troca de experiências, com demonstração de actividades lideradas pelos membros das comunidades locais na produção e plantio de mudas (floresta de miombo e mangal), promovendo modelos de subsistência alternativos e reforçando o papel das comunidades como implementadoras de contrabalanços de biodiversidade.
A visita contou ainda com representantes da WCS China acompanhados pelo Académico Yunju Li do Instituto de Botânica de Kunming da Academia das Ciências da China especializado em restauração de ecossistemas. Durante a sessão técnica em Nacala, o especialista partilhou a sua experiência na implementação de actividades de restauração associadas ao encerramento de projectos mineiros, destacando as metodologias, resultados e lições aprendidas no processo. A sua intervenção trouxe perspectivas comparadas sobre a escolha de espécies para restauração, técnicas de reabilitação ecológica, monitoria e envolvimento institucional, evidenciando como o rigor técnico e a articulação entre actores podem garantir ganhos reais e mensuráveis de biodiversidade.
A realização destas visitas contou com apoio financeiro da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e Fundo Francês para Ambiente Mundial (FFEM) através do Programa COMBO+ e do Projecto CBDC, bem como do Blue Action Fund e do Governo da Suécia através do Programa de Conservação da Biodiversidade.
Transformar mel em futuro: a jornada de Gredice Pedro
Gredice Pedro, 45 anos, mãe de seis filhos, vivia da agricultura de subsistência na comunidade de Mussapa, Manica. O seu interesse pela apicultura despertou quando viu outras mulheres aderirem ao projecto de apicultura financiado pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), através do Projecto de Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Comunitário (CBDC), com fundos da Agência Francesa para o Desenvolvimento (AFD), «Antigamente, a apicultura era vista como uma actividade exclusiva para homens», recorda.
Com formação técnica, colmeias langstroth e equipamento de protecção, Gredice lançou‑se numa actividade dominada por homens. Superou o cepticismo inicial da comunidade com determinação: «Foi difícil no começo, mas com o tempo, todos aceitaram meus ensinamentos». Hoje é apicultora‑chefe e já formou dezenas de vizinhos.
A venda regular de mel trouxe rendimento estável, permitindo‑lhe melhorar a casa e a autoestima: «A venda do mel me permitiu construir minha casa de chapa de zinco, o que antes parecia um sonho distante». O impacto estende‑se à saúde familiar — o mel tornou‑se remédio caseiro — e à liderança feminina, pois Gredice é agora voz activa nas decisões locais.
Consciente de que a floresta sustenta as abelhas, lidera acções de conservação. «Estamos a reflorestar áreas degradadas com plantas nativas, e isso está a ajudar na conservação do meio ambiente», explica enquanto mobiliza vizinhos para controlar queimadas e plantar novas árvores.
Os planos de futuro incluem triplicar o número de colmeias e envolver toda a família. «Quero sensibilizar minha família para a importância desta actividade. Ela é fundamental não só para nossa sobrevivência, mas também para a conservação da nossa biodiversidade», afirma com convicção.
A história de Gredice demonstra que investir em mulheres empreendedoras fortalece comunidades, preserva florestas e gera prosperidade. Cada frasco de mel sustenta um lar e protege o património natural de Moçambique. Apoie iniciativas que empoderam mulheres guardiãs da biodiversidade — porque proteger a natureza é garantir o amanhã.
Mais de 110 fiscais reforçam competências em igualdade de género e salvaguardas no Mágoe e no Tchuma Tchato
Mágoe & Zumbo, Abril de 2025 — Mais de uma centena de fiscais do Parque Nacional do Mágoe (PNM) e do Programa Comunitário Tchuma Tchato (PCTT) concluiu, em Abril, um treino intensivo em igualdade de género, prevenção de Violência Baseada no Género (VBG), Exploração e Abuso Sexual (EAS/AS) e salvaguardas sociais e ambientais, no âmbito do programa MozRural. A iniciativa visa garantir uma actuação ética e sensível dos agentes de conservação, protegendo comunidades locais e visitantes.
Exigências e objectivos do projecto
O programa MozRural estabelece padrões rigorosos de conformidade ambiental e social. Este treino dotou os participantes de ferramentas para:
- Identificar comportamentos de risco
- Prevenir situações de abuso
- Encaminhar adequadamente casos reportados, através do recém‑apresentado Mecanismo Multissectorial de Referência, que articula saúde, justiça, segurança e acção social.
Participação em números
- Parque Nacional do Mágoe — 80 participantes (fiscais e pontos focais).
- Programa Comunitário Tchuma Tchato — 30 participantes, entre fiscais, supervisores do provedor de serviços Tiago Lidimba e membros do mecanismo distrital de Zumbo.
Código de Conduta assinado
Um dos marcos do treino foi a assinatura colectiva do Código de Conduta, após leitura e esclarecimento dos seus pontos‑chave. As cópias assinadas serão arquivadas para efeitos de responsabilização e auditoria, reforçando o compromisso individual com ética, respeito e protecção.
Impacto e próximos passos
Com estas competências, os fiscais tornam‑se agentes de protecção e salvaguarda, fortalecendo a confiança entre as comunidades e instituições parceiras — BIOFUND, ANAC e FNDS. Espera‑se:
- Redução de ocorrências de VBG/EAS/AS nas áreas de conservação;
- Cumprimento integral dos protocolos de resposta;
- Promoção de uma cultura de responsabilidade, igualdade e inclusão no terreno.
Como apoiar
Para saber mais sobre estas formações ou apoiar futuras iniciativas, visite www.biofund.org.mz ou contacte info@biofund.org.mz. Partilhe esta notícia e inspire outras paisagens de conservação a adoptarem práticas que protegem tanto as pessoas como a biodiversidade.
Proteger este património natural é proteger o futuro.
Vedação de Muwai inaugura nova etapa na conservação comunitária em Moçambique
Foi lançada oficialmente a primeira pedra da vedação da área de conservação comunitária de Muwai, numa cerimónia marcada pelo simbolismo e pelo compromisso colectivo com a protecção da biodiversidade e o bem-estar das comunidades. A estrutura de 43 km, resistente a elefantes, promete reduzir conflitos entre humanos e fauna bravia, ao mesmo tempo que fortalece práticas de conservação lideradas pela população local.
A iniciativa representa um marco inédito em Moçambique, sendo a primeira vedação comunitária deste género financiada pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), com apoio da Suécia, através do seu Programa de Conservação da Biodiversidade. O projecto é implementado em coordenação com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e outros parceiros, como a Maputo Conservation Company, Área de Protecção Ambiental de Maputo e o Parque Nacional de Maputo.
Durante a cerimónia, representantes institucionais e comunitários destacaram a importância da estrutura não apenas como uma barreira física, mas como um símbolo de “confiança, de parceria e de esperança”. A vedação foi concebida com tecnologia adaptada ao comportamento dos elefantes, incluindo fios eléctricos alimentados por painéis solares e estruturas reforçadas para evitar invasões, protegendo as comunidades agrícolas vizinhas.
O representante da ANAC sublinhou que este é “um passo concreto na protecção e conservação da vida selvagem” e agradeceu o envolvimento de parceiros nacionais e internacionais, como a Embaixada da Suécia, a FNDS e o Banco Mundial. “Mais do que uma estrutura física, simboliza o reconhecimento dos valores tradicionais que aqui florescem há gerações”, afirmou.
Frida Rodhe, representante da Embaixada da Suécia, destacou o longo percurso até à concretização do projecto: “Não só é uma vedação, é um símbolo de esperança e de desenvolvimento da área”. Sublinhou ainda a expectativa de que a estrutura “vá dar segurança às comunidades, mas que também aumente e as suas possibilidades de produção”.
Luís Bernardo Honwana, Director Executivo da BIOFUND, reforçou o papel estratégico da iniciativa para a conservação comunitária no país:
“A BIOFUND reafirma o seu compromisso de continuar a apoiar iniciativas comunitárias robustas que promovam a conservação e contribuam para o bem-estar das comunidades locais.” E ainda que é muito importante o “envolvimento activo de todas as instituições presentes: ANAC, APA Maputo, Parque Nacional de Maputo, Maputo Conservation Company e as autoridades locais para assegurarmos o sucesso e a sustentabilidade desta iniciativa e consolidar a área de Muwai como referência nacional.”
Honwana apelou ainda à “gestão responsável e transparente dos recursos” e destacou o papel das comunidades como “verdadeiras guardiãs desta área”.
Armando Tembe, representante das comunidades relembrou que no início “não acreditavam que este processo fosse chegar a esstes resultados”, mas hoje o sentimento é de orgulho colectivo: “As comunidades estão prontas para poder fazer a conservação da biodiversidade”. O líder enalteceu os esforços de formação e troca de experiências realizadas, nomeadamente com visitas à África do Sul, como exemplos de mobilização e apropriação do projecto pela comunidade.
Por fim, Musa, da Maputo Conservation Company, explicou em detalhe o funcionamento técnico da vedação e os cuidados tomados para garantir a segurança tanto de pessoas como de animais. “Essa é a primeira linha de defesa (…). Comunidades do outro lado podem continuar a viver e a fazer o que têm feito há muito tempo”, afirmou, referindo-se ao impacto directo que a estrutura terá na vida quotidiana das populações locais.
A cerimónia terminou com uma visita ao local da construção, onde os participantes puderam observar os componentes técnicos e esclarecer dúvidas sobre o projecto. A vedação de Muwai afirma-se, assim, como um exemplo pioneiro de conservação comunitária em Moçambique, unindo saberes locais, inovação tecnológica e cooperação internacional.
Parque Nacional de Chimanimani e parceiros realizam plantação de árvores nativas para restauração de áreas degradadas
Mais de 25.100 mudas de espécies nativas foram plantadas em cerca de 14 hectares no Parque Nacional de Chimanimani (PNC), no âmbito da implementação do projecto piloto de melhoria de habitats. Fazem parte de espécies-chave plantadas para a restauração, a Brachystegia spp, Julbernadia globiflora, Erythrina lysistemon, Dychrostachis cinerea, entre outras.
Esta corresponde a primeira fase da meta global de plantio de um total de cerca de 216.000 mudas em 130 ha nas comunidades de Nhabawa e Chikuwa na Zona de Proteção Total do PNC. O plantio de mudas nesta primeira fase decorreu de 01 a 21 de Abril de 2025, em áreas previamente identificadas como degradadas por conta da abertura de espaços para o cultivo e outras actividades antropogénicas . A implementação do plantio foi realizada pelas comunidades locais contratadas pelo parque, e contou com a orientação, monitoria e supervisão de uma equipe multissectorial composta por técnicos do PNC, da Eden Reforestation e estudantes recém-graduados do Instituto Superior Politécnico de Manica (ISPM) e Instituto Agrário de Chimoio (IAC).
Esta actividade é parte do projecto piloto de melhoria de habitats implementado no PNC em parceria com a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) como teste de procedimentos e treinamento de actores para implementação de futuros contrabalanços de biodiversidade no parque. A iniciativa conta com o apoio financeiro da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e Fundo Francês para o Ambiente Mundial (FFEM) através do projecto de Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Comunitário (CBDC) implementado na paisagem de Chimanimani desde 2021.
BIOFUND representou Moçambique em Seminário Internacional de Liderança de Parques na Califórnia
Moçambique esteve representado no Seminário Internacional de Liderança de Parques, que decorreu de 22 de Abril a 1 de Maio de 2025, em São Francisco, Califórnia (EUA), por uma delegação composta por membros da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e do Governo de Moçambique. Esta participação nacional inseriu-se numa acção de capacitação técnica e institucional, com o objectivo de reforçar as competências em gestão de áreas protegidas e liderança para a conservação.
A BIOFUND integrou esta missão com a participação da Directora de Programa, Alexandra Jorge, e da Gestora de Projecto, Victória Cossa, evidenciando o seu compromisso activo no desenvolvimento de capacidades nacionais para uma gestão mais eficaz e sustentável das áreas protegidas. A delegação incluiu ainda representantes da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), nomeadamente o seu Director Geral, Pejul Calenga, o Administrador do Parque Nacional do Limpopo, Francisco Pariela, e o Coordenador de Projecto, Madyo Couto.
O seminário constituiu uma plataforma estratégica de partilha de experiências e boas práticas entre profissionais de conservação de países como Tanzânia, Belize, Irlanda, Gana, Quénia, Japão, Ucrânia, Eslováquia e Estados Unidos. Contou ainda com a colaboração de instituições de renome, como o National Park Service, a University of California – Natural Reserve System, a Utah Valley University e os California State Parks.
A presença da BIOFUND neste fórum internacional reforçou o papel da instituição na promoção da liderança e inovação na conservação em Moçambique, contribuindo para o desenho de políticas públicas mais robustas e sustentáveis, e para o fortalecimento institucional dos actores do Sistema Nacional de Áreas de Conservação.
Unidade Técnico-Científica (UTC) capacitada em métricas para medir perdas e ganhos de biodiversidade (espécies e ecossistemas) em Moçambique
A Unidade Técnico-Científica (UTC) de Apoio aos Contrabalanços de Biodiversidade beneficia-se de uma capacitação sobre métricas para medir perdas e ganhos de biodiversidade (espécies e ecossistemas). O evento teve lugar no dia 17 de Abril de forma presencial em Maputo, e contou com a participação de 25 pessoas, dentre eles membros provenientes de diferentes instituições que compõem a UTC, técnicos da Repartição de Avaliação e Acompanhamento dos Contrabalanços de Biodiversidade (RAACB) da Direcção Nacional do Ambiente (DINAB) e formadores.
A capacitação foi promovida pelo Programa COMBO+, uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas (MAAP), Wildlife Conservation Society (WCS-Moçambique) e a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e, baseada no recém desenvolvido “Guião de Orientação para o desenvolvimento de métricas adequadas para utilização nos cálculos de perdas e ganhos de ecossistemas e/ou espécies”, pela equipa internacional do Programa COMBO+, tendo como caso de estudo, a recém desenvolvida “Métrica de Ecossistemas de Ervas Marinhas”.
A UTC é um grupo multissectorial (composta por representantes de instituições governamentais, sector privado, academia e organizações da sociedade civil) tem como missão apoiar estrategicamente a Autoridade de Avaliação de Impacto Ambiental na concepção, avaliação e monitoria dos Planos de Gestão de Contrabalanços da Biodiversidade (PGCB).
O Programa COMBO+ é actualmente financiado pela Agence Française de Developpement (AFD) e pelo Fonds Français pour l’Environnement Mondial (FFEM). Em Moçambique, o COMBO+ é também actualmente financiado pelo Governo da Suécia através do Programa de Conservação da Biodiversidade.
PROMOVE Biodiversidade: apresenta o progresso das Actividades Implementadas nas províncias de Zambézia e Nampula
Teve lugar nesta quarta-feira, 23 de Abril de 2025, na Cidade de Maputo, a 4ª Sessão do Comité Nacional de Supervisão – CNS do PROMOVE Biodiversidade. Um evento liderado pelo Gabinete do Ordenador Nacional – GON, em coordenação com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), a União Europeia e a Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND.
A reunião contou com cerca de 34 participantes, tanto presenciais quanto online, incluindo individualidades como o Ministro Plenipotenciário do GON, o Director Geral Adjunto da ANAC, o Director Executivo da BIOFUND e a Chefe da Delegação da União Europeia. Também participaram os membros do CNS das províncias de Nampula e Zambézia, Serviços Distritais de Actividades Económicas de Lugela, Administradores das Áreas de Conservação beneficiárias do Programa, bem como parceiros de implementação.
Foram apresentados resultados do progresso das actividades em todas as áreas de intervenção do programa, assim como os resultados da avaliação de meio-termo do PROMOVE Biodiversidade.
Conservação e Pesquisa no Monte Mabu: O Papel do PROMOVE Biodiversidade
O PROMOVE Biodiversidade tem sido fundamental na conservação e pesquisa no Monte Mabu. Através deste apoio, o consórcio WWF-ReGeCom-RADEZA colaborou com a comunidade local para delimitar 9.300 hectares para conservação e submeteu uma proposta de criação de uma Área de Conservação Comunitária ACC à ANAC. Foram realizados estudos e expedições científicas com 25 cientistas apoiados por cerca de 100 membros da comunidade. A última expedição não só aumentou o conhecimento sobre a biodiversidade como deu maior visibilidade internacional do Monte Mabu.
Cinco potenciais cadeias de valor foram identificadas: agricultura de conservação, apicultura, ecoturismo, piscicultura e produção de água mineral. Neste âmbito, 200 beneficiários produziram 2,27 toneladas de produtos agrícolas e 72 beneficiários da apicultura estabeleceram 47 apiários.
PROMOVE Biodiversidade: Conservação e Desenvolvimento Sustentável no Parque Nacional do Gilé
No Parque Nacional do Gilé – PNAG, o PROMOVE Biodiversidade financiou a realização de pesquisas, essenciais para apoiar decisões de maneio e influenciar políticas de conservação.
A RADEZA apoiou diversas cadeias de valor, incluindo agricultura (com transferência de tecnologia em Escolas na Machamba do Camponês), apicultura, piscicultura, avicultura, fontes de água e moageiras.
Além disso, a intervenção na conservação, através do acordo com a fundação FFS-IGF permitiu o aumento no número de fiscais e a modernização dos processos de fiscalização e monitoria ecológica e meios circulantes. A translocação de 200 búfalos para esta área de conservação contribuiu para a restauração da biodiversidade nesta área de conservação.
APAIPS: Protegendo a Biodiversidade Marinha com o POMOVE Biodiversidade
O apoio do PROMOVE Biodiversidade tem sido fundamental para a Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas (APAIPS). A WWF em consórcio com a AENA e Kulima contribuiu para a reabilitação, expansão e apetrechamento dos escritórios da APAIPS; promoveu o treinamento e graduação do primeiro grupo de 47 fiscais na história da APAIPS, incluindo antigos agentes comunitários. O PROMOVE Biodiversidade também apoiou o desenvolvimento de meios de vida investindo nas cadeias de agricultura e processamento de pescado. O apoio estendeu-se ao engajamento das Organizações Comunitárias de Base (OCBs) na sensibilização comunitária, patrulhas e monitoria, fortalecendo a conservação da biodiversidade marinha.
Regulamento da CITES aprovado pelo governo: ANAC lidera este processo
Além das actividades promovidas nas áreas de conservação, no âmbito do acordo de implementação de uma das componentes do PROMOVE Biodiversidade com enfoque no fortalecimento institucional da ANAC, foi formulado e aprovado o regulamento da CITES pelo governo. Isto representa um marco significativo na protecção das espécies ameaçadas através da implementação eficaz das directrizes da CITES, criando condições para o país ascender a uma categoria mais alta. A ANAC também desempenhou um papel crucial no fortalecimento da Autoridade Científica da CITES envolvendo mais universidades, organizou o treinamento de vários sectores de segurança, assegurando que as normas internacionais de conservação sejam rigorosamente seguidas. A formulação das Normas Complementares de Mecanismos de Gestão para as Áreas de conservação Comunitária é outro resultado importante desta componente.
O Director Geral Adjunto da ANAC destacou a importância da colaboração entre o governo, organizações internacionais e comunidades locais para garantir a sustentabilidade das áreas de conservação.
O Director Executivo da BIOFUND reafirmou o compromisso da organização em trabalhar com todas as partes interessadas e usar dos resultados do programa para melhorar futuras iniciativas de conservação.
A Chefe de Cooperação da União Europeia em Maputo expressou orgulho pelo papel do PROMOVE Biodiversidade na protecção da biodiversidade e promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades locais e, desafiou a todos intervenientes do Programa para que superem os desafios para o alcance dos objectivos do programa. Destacou, em particular, a geração de benefícios tangíveis para as comunidades locais e, resposta efectiva às recomendações da avaliação de meio-termo do programa, cujos resultados foram também partilhados neste evento.
O Programa PROMOVE Biodiversidade é financiado pela União Europeia e implementado pela BIOFUND e ANAC, com o objectivo de promover o fortalecimento institucional, a conservação da biodiversidade, o desenvolvimento comunitário e a realização de pesquisas para informar acções práticas de gestão. Três Áreas de Conservação nas províncias de Nampula e Zambézia beneficiam deste apoio, nomeadamente, o Parque Nacional do Gilé – PNAG, Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas – APAIPS e suas áreas costeiras adjacentes e o Monte Mabu.
O CNS providencia orientação estratégica para o programa, assegurando o seu alinhamento com as políticas e estratégias nacionais, bem como com os compromissos internacionais dos quais Moçambique é signatário. Além disso, o CNS aconselha e acompanha os implementadores e beneficiários para alcançar os resultados e efeitos desejados do programa.
Segunda Conferência de Montanhas da Africa Austral: Superando limites e barreiras
A Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND participou, entre os dias 17 e 20 de Março de 2025, na 2.ª Conferência de Montanhas da África Austral (SAMC25), realizada sob a égide da UNESCO e com o apoio de dezenas de patrocinadores, no Drakensberg, África do Sul. Esta community of practice constituiu uma plataforma de excelência para demonstrações, incentivo à investigação, partilha de experiências e promoção de políticas sobre os ecossistemas montanhosos da região.
A conferência reuniu mais de 300 participantes provenientes de diversos países, incluindo cientistas, professores, estudantes, representantes governamentais, organizações não-governamentais, entidades intergovernamentais e das Nações Unidas, bem como membros de comunidades locais e da sociedade civil. O evento contou com várias sessões especiais dedicadas à rica biodiversidade das montanhas, à sua importância cultural, às oportunidades dos mercados de carbono, bem como à conservação transfronteiriça das regiões montanhosas.
Moçambique esteve representado pela BIOFUND (com o apoio do Projecto MozNorte, financiado pelo Banco Mundial), pelo consórcio WWF/ReGeCom/RADEZA (implementadores do PROMOVE Biodiversidade no Monte Mabu, também com apoio do mesmo projecto), assim como por representantes da ANAC, do Parque Nacional de Chimanimani e do Parque Nacional da Gorongosa (com apoio do PNG). Estiveram igualmente presentes parceiros regionais do Malawi (Monte Mulanje) e cientistas internacionais com experiência de trabalho em Moçambique, nomeadamente especialistas em biodiversidade e áreas protegidas.
Durante as sessões plenárias e paralelas, foram realizadas diversas apresentações destacando a biodiversidade do Monte Mabu e de outras cordilheiras de montes-ilha em Moçambique, assim como actividades em curso de envolvimento e empoderamento das comunidades locais. Foram ainda partilhadas experiências do Parque Nacional da Gorongosa na restauração do sistema afromontanhoso, equilibrando o desenvolvimento comunitário com a conservação da biodiversidade.
Houve ainda apresentações fascinantes sobre grupos de voluntários amantes das montanhas, assim como a relevância e importância de planificar e desenhar trilhas nas montanhas, para fins de lazer e turismo, área de grande potencial do nosso pais, ainda inexplorada!
Os representantes moçambicanos regressaram motivados com o destaque dado aos sistemas montanhosos enquanto fontes de água, repositórios de biodiversidade (frequentemente única) e fornecedores de serviços ecossistémicos. Este entusiasmo deu origem a discussões preliminares para a criação de um movimento nacional de sensibilização e promoção da conservação e uso sustentável dos ecossistemas de montanha.
Para mais informações sobre as apresentações realizadas durante a conferência, aceda AQUI.
Está igualmente disponível AQUI um documentário de elevada qualidade que destaca a importância das montanhas enquanto repositórios de biodiversidade e fontes vitais de água doce para os seres humanos, a fauna e a flora.
30 técnicos recebem formação em Salvaguardas Ambientais e Sociais no âmbito da construção da vedação eléctrica da Área de Conservação Comunitária de Muwai
Na segunda semana de Abril de 2025, trinta técnicos comunitários envolvidos na construção da vedação eléctrica de 43 km na Área de Conservação Comunitária de Muwai (ACC de Muwai) beneficiaram de uma formação sobre Salvaguardas Ambientais e Sociais. A capacitação foi conduzida em português e em changana, por especialistas da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), com o objectivo de assegurar o cumprimento rigoroso das normas ambientais e sociais durante a implementação da infraestrutura.
Durante a formação, foram abordados temas cruciais como a importância da conservação dos recursos naturais, boas práticas ambientais e sociais na execução da obra, medidas de Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho (SHST), o uso correcto de Equipamentos de Protecção Individual (EPI), bem como tópicos sensíveis como Violência Baseada no Género (VBG), Exploração e Abuso Sexual (EAS) e Assédio Sexual (AS). Os beneficiários da formação também foram informados sobre os seus direitos e deveres, o mecanismo de diálogo e reclamações e foi divulgada a Linha Verde como um dos canais para denúncia.
A formação insere-se no âmbito do Programa de Conservação da Biodiversidade (2023–2027), coordenado pela BIOFUND, em estreita colaboração com a ANAC-IP, e financiado pelo Governo da Suécia.
A iniciativa surge em resposta a um pedido da Associação Comunitária do Corredor do Futhi, que representa as comunidades de Huco, Matchia, Madjadjane, Salamanga, Tchia e Massala, também do Corredor de Futi, com o objectivo de mitigar os impactos do conflito com elefantes que afecta a região há vários anos.
Com apoio técnico da Conserve Global, do Parque Nacional de Maputo e da Área de Protecção Ambiental de Maputo (APA Maputo), o projecto pretende reduzir perdas humanas e agrícolas, incentivar a convivência harmoniosa entre comunidades e elefantes, e impulsionar o desenvolvimento de actividades económicas sustentáveis, como o ecoturismo.
Importa destacar que este é o primeiro projecto a nível nacional, de construção de uma vedação eléctrica para o estabelecimento de uma área de conservação comunitária. Esta iniciativa reforça a relevância do envolvimento activo das comunidades locais na protecção da biodiversidade e na promoção de um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Unidade Técnico-Cientifica consolida esforços rumo à implementação eficaz dos Contrabalanços da Biodiversidade em Moçambique
No dia 9 de Abril de 2025, a Unidade Técnico-Cientifica de Apoio aos Contrabalanços de Biodiversidade, reuniu-se para realizar a sua primeira sessão ordinária anual. Composta por representantes de instituições governamentais, sector privado, academia e organizações da sociedade civil, esta estrutura multissectorial tem como missão apoiar estrategicamente a Autoridade de Avaliação de Impacto Ambiental na concepção, avaliação e monitoria dos Planos de Gestão de Contrabalanços da Biodiversidade (PGCB).
A sessão contou com a participação de 18 membros, convidados e secretariado, tendo sido marcada por debates estratégicos sobre o avanço da implementação da Directiva sobre Contrabalanços da Biodiversidade (Diploma Ministerial nº 55/2022 de 19 de Maio). Deu-se ênfase na análise dos progressos das actividades realizados em 2024 e discutiu-se a proposta do plano de trabalho para 2025. Foram ainda partilhadas actualizações sobre o estado de implementação do Plano de Gestão de Contrabalanços da Biodiversidade (PGCB) da empresa Kenmare, bem como de outros PGCBs com potencial de implementação no país. A sessão incluiu também a partilha do ponto de situação das directrizes/guiões técnicos existentes e em desenvolvimento para o cumprimento do Diploma Ministerial nº 55/2022 de 19 de Maio. Estas ferramentas serão usadas pelo Governo, Proponentes de Projectos de desenvolvimento, Consultores Ambientais e outros stakeholders que estarão envolvidos na implementação de PGCB em Moçambique. Por fim, os participantes refletiram sobre a sustentabilidade e composição da UTC e definiram os próximos passos para garantir o seu funcionamento contínuo e eficaz.
A operacionalização da UTC conta com o apoio do Programa COMBO+, uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas (MAAP), Wildlife Conservation Society (WCS-Moçambique) e a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND). O Programa COMBO+ é actualmente financiado pela Agence Française de Developpement (AFD) e pelo Fonds Français pour l’Environnement Mondial (FFEM). Em Moçambique, o COMBO+ é também actualmente financiado pelo Governo da Suécia através do Programa de Conservação da Biodiversidade.
Esta reunião não só consolidou o papel estratégico da UTC como também reforçou o compromisso colectivo com a conservação da biodiversidade em Moçambique, em alinhamento com as metas nacionais e internacionais.
53 novos estagiários do PLCM prontos para impulsionar a Conservação em Moçambique
A Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND, em parceria com a Administração Nacional das Áreas de Conservação – ANAC e o Instituto Nacional de Emprego – INEP, com financiamento da Agência Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (SIDA-Suécia), realizou entre os dias 01 a 03 de Abril, no Parque Nacional de Maputo – PNAM, a indução dos beneficiários da 7ª edição do programa de estágios do Programa de Liderança para a Conservação de Moçambique – PLCM
A indução contou com cerca de 136 participantes, incluindo representantes da ANAC, Governo da Suécia, INEP, equipe da SENSAP, Global Aliance o diplomata e influenciador Dário Camal, administradores do PNAM e APAM, demais parceiros do PLCM e 53 estagiários (33 homens e 20 mulheres), que vão ser alocados durante 6 meses em 26 centros de estágio, em todo o pais.
Na sua intervenção, Luís Bernardo Honwana, Director Executivo da BIOFUND, referiu que “a multidisciplinariedade dos estagiários seleccionados confirma a representação de todas as formações oferecidas pelo ensino em Moçambique.” Segundo ele, a realização da Indução no PNAM pretendeu demostrar aos estagiários que estes são parte fundamental do exercício da Conservação da Biodiversidade, componente crucial para o desenvolvimento do país.
Frida Rhode, representante da Embaixada da Suécia expressou o orgulho de fazer parte do programa com um impacto significativo na Conservação da Biodiversidade em Moçambique e globalmente.
Na mesma ocasião, Miguel Gonçalves, administrador do PNAM, aconselhou aos novos estagiários a pautarem pela honestidade, dedicação e apropriação desta missão, que é a Conservação da Biodiversidade.
Durante o evento, os beneficiários tiveram a possibilidade de ouvir sobre as instituições onde irão estagiar, aprender sobre procedimentos de primeiros socorros, Conservação de ecossistemas marinhos, monitoria e avaliação, seguro de trabalho e participaram de dinâmicas de grupo que permitiram envolvimento e aprendizagem sobre a comunicação e storytelling. Houve igualmente, espaço para partilha de experiências com ex-estagiários do programa, que actualmente fazem parte da equipa de colaboradores de diversas instituições.
Além disso, esta sessão contou com a participação do influenciador da juventude Dário Camal, que apresentou princípios chaves para o desenvolvimento de carreira dos jovens.
“Foi uma indução impactante, pois, estando no mesmo local com todos colegas estagiários criamos conexões e mais interacção. Consegui aprender bastante sobre a conservação em Moçambique, e que conservação não é só para biólogos e ecologistas, mas sim para todos e, estes dias despertaram em mim ainda mais a vontade de continuar no programa.” Disse Paqueleque Variento, formado em engenharia rural.
O PLCM é um programa de capacitação e liderança. Este programa tem como objectivos reforçar a capacidade e habilidades dos profissionais do Sistema Nacional das Áreas de Conservação (SNAC), moldar o perfil dos futuros líderes de Conservação e atrair o público em geral para a Conservação da Biodiversidade em Moçambique.
Para saber mais sobre o PLCM, clique visite a nossa página através do link AQUI.
Cartão Bio financia vedação para mitigar conflitos entre Elefantes e comunidades no distrito da Moamba
Foi concluída, em Março de 2025, a instalação de uma vedação de 3,7 km na Incomati Conservancy, no Distrito de Moamba, com o objectivo de reduzir os conflitos entre as comunidades locais e os elefantes. A iniciativa faz parte do projecto “Vozes de Savana: Elefantes Monitorados, Comunidades Ouvidas”, implementado pelo Mozambique Wildlife Alliance (MWA), em coordenação com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), e conta com o financiamento do Cartão bio – uma parceria entre a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e o Banco Comercial e de Investimentos (BCI).
Com um valor total de 3,152,210.00 MZN, esta vedação representa mais do que uma simples barreira física. É uma estratégia inovadora que protege as machambas, as infra-estruturas e os meios de subsistência das comunidades, mitigando os impactos da migração de elefantes, e promovendo tanto a segurança das populações quanto a conservação da biodiversidade.
A actividade foi conduzida pela HSES (High Security Electronic Solution), tendo a Incomati Conservancy como beneficiária e parceira estratégica. Sete colaboradores da Incomati Conservancy, que são das comunidades vizinhas, desempenharam um papel activo na iniciativa, reforçando o envolvimento local na conservação da biodiversidade e o compromisso com a protecção dos elefantes.
Para consolidar a sensibilização sobre a importância da vedação, está agendada uma visita guiada para líderes comunitários e autoridades distritais de Moamba, incentivando um diálogo aberto sobre os desafios inerentes à coexistência entre humanos e elefantes.
Este marco reforça o compromisso do MWA no cumprimento do Memorando de Entendimento com a ANAC. Ao viabilizar este financiamento, o Cartão bio reafirma o seu papel no apoio a projectos de conservação da biodiversidade e na promoção de uma convivência harmoniosa entre as comunidades e a vida selvagem.
PROMOVE Biodiversidade: Resultados dos Estudos Realizados no PNAG e Monte Mabu Realçam a Importância da Pesquisa para a Conservação
Trata-se dos resultados das pesquisas aplicadas promovidas pelo Programa PROMOVE Biodiversidade, financiado pela União Europeia, realizadas no Parque Nacional do Gilé (PNAG) e Monte Mabu, apresentados no seminário organizado pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND e parceiros, no dia 21 de Fevereiro, na Cidade de Maputo.
O evento contou com cerca de 63 participantes, incluindo representantes da União Europeia, da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e de outras Direcções do Ministério da Agricultura Ambiente e Pescas – MAAP, do Parque Nacional do Gilé – PNAG, Monte Mabu, da Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas (APAIPS), do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Academia. O objectivo foi divulgar os resultados de cinco estudos científicos e a sua implicação na gestão do PNAG e Monte Mabu. os estudos abordaram temas cruciais para a conservação e gestão sustentável dessas áreas de conservação:
- Queimadas e efeito sobre a Ecologia do PNAG e Implicações na Gestão do Parque realizada pela Universidade Eduardo Mondlane – FAEF;
- Grandes Mamíferos do PNAG: Estado de Conservação e Impacto da Reintrodução na Restauração Ecológica realizada pela UniLúrio;
- Relação entre a População da Zona Tampão do PNAG: Uso dos Recursos Naturais e algumas Projecções Demográficas, realizado pela Universidade Católica de Moçambique – UCM;
- Estudo das Potencialidades Hidrológicas do Monte Mabu realizado pelo Instituto Nacional de Irrigação – INIR e FAEF;
- Resultado das Expedições Científicas realizadas pelo consórcio WWF-ReGeCom-RADEZA.
Entre os resultados apresentados, cerca de 60% da área total do parque é afectada anualmente por queimadas intensas e severas havendo associação com a prevalência de casos de caça furtiva no interior do parque. As espécies resistentes ao fogo continuam a dominar nas zonas de alta severidade.
As espécies de Miombo continuam a dominar a vegetação, independentemente da severidade das queimadas. Nas áreas de maior severidade, espécies resistentes ao fogo foram menos afectadas, mas a estrutura do ecossistema foi afectada pela severidade assim como se observou redução significativa da regeneração natural. Estes resultados motivaram a realização de um treinamento em gestão de queimadas para as comunidades locais, pessoal do parque e do governo local. Recomendou-se uma análise do efeito das queimadas sobre as espécies melíferas, sua floração, população de abelhas e produtividade da apicultura, uma cadeia de valor importante na regiao.
Ainda no PNAG, a pesquisa da UniLúrio constatou a ausência de carnívoros de grande porte e indicou um crescimento da população de herbívoros de médio e grande porte na última década, criando condições favoráveis e disponibilidade de presas para predadores.
Apesar da ausência das comunidades residentes dentro do PNAG, é fundamental o entendimento da dinâmica da população na Zona tampão dado o seu efeito na demanda de bens e serviços tais como a biodiversidade, polinização, recursos hidrológicos, paisagem cénica, sequestro do carbono oferecidos pelo Parque. O estudo da UCM registou um crescimento médio populacional de 1.8% entre os anos de 2023 a 2024 e redução de 26 a 13% de gravidezes nas idades entre 15 e 19 anos. Embora a média crescimento populacional estimada seja inferior às projecções do censo populacional, há necessidade de monitorar estes indicadores para gestão efectiva do PNAG e desenvolvimento comunitário.
Na mesma ocasião, destacou-se que no Monte Mabu, os estudos reforçaram o alto valor da biodiversidade e a vulnerabilidade das espécies à degradação do habitat. Além disso, a análise hidrológica identificou cerca de 17 cursos de água com excelente qualidade, abrindo oportunidades para desenvolvimento de cadeias de valor ligadas à agricultura, aquacultura, apicultura, pesca, produção de energia hidroeléctrica, extracção de água mineral, entre outras.
Para a ANAC, os resultados destas pesquisas promovidas pelo programa PROMOVE Biodiversidade, permitem conhecer o estado actual da conservação no PNAG, a documentação da Biodiversidade disponível no Monte Mabu e identificação das necessidades locais para melhor elaboração dos planos de gestão eficazes e, eventualmente, contribuir para a formulação políticas públicas voltadas para a conservação da biodiversidade.
Moçambique fortalece a conservação marinha: desenvolvida nova métrica para avaliar a condição ecológica de ervas marinhas em Moçambique
No dia 26 de Fevereiro de 2025, o Programa COMBO+ — uma parceria entre a Wildlife Conservation Society (WCS), a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e o Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas (representado pela Direcção Nacional do Ambiente (DINAB)) — promoveu um workshop para validar a métrica para determinar a condição ecológica de ervas marinhas em Moçambique.
Desenvolvido pelo governo de Moçambique em colaboração com parceiros estratégicos, esta métrica representa um avanço na busca pelo equilíbrio entre o desenvolvimento económico e conservação da biodiversidade marinha. Este processo segue os princípios da hierarquia de mitigação de impactos na biodiversidade e a nova Directiva sobre os Contrabalanços da Biodiversidade (Diploma Ministerial No. 55/2022 de 19 de Maio), consolidando-se como a quarta ferramenta de monitoria e avaliação da condição ecológica para ecossistemas do país.
O workshop, que foi realizado de forma híbrida na semana em que se celebra o Dia Mundial das Ervas marinhas, contou com 42 participantes nacionais e internacionais, incluindo biólogos marinhos, especialistas em ervas marinhas, docentes universitários, consultores ambientais, gestores de projectos e outros intervenientes. A sessão foi liderada pela Dra. Célia Macamo, consultora individual e docente da Universidade Eduardo Mondlane, e Manuela Amone, estudante de Pós-doutoramento na Universidade Nelson Mandela, na África do Sul, responsáveis pelo desenvolvimento da métrica.
O envolvimento da academia no desenvolvimento da métrica de ervas marinhas reforça a importância da pesquisa científica e da colaboração interinstitucional na construção de soluções para desafios ambientais.
As ervas marinhas, também conhecidas como prados marinhos, exercem uma função vital na resiliência climática através ao sequestrar carbono de forma eficiente, na protecção das zonas costeiras ao estabilizar os sedimentos e reduzir a energia das ondas, além de servir de habitat e área de reprodução para inúmeras espécies marinhas.
Esta nova métrica garante que, à medida que buscamos o desenvolvimento, também preservamos estes ecossistemas e os seus serviços para a presente e futuras gerações, garantindo assim a manutenção do posicionamento de Moçambique na liderança de países com instrumentos legais e técnicos disponíveis para viabilizar o desenvolvimento sustentável.
A métrica de ervas marinhas foi desenvolvida com apoio financeiro do Governo da Suécia através do Programa de Conservação da Biodiversidade e o Banco Mundial através do Projecto MozBio 2 (concluído em Dezembro de 2024).
Nova Etapa na Conservação da Biodiversidade: BIOFUND e SIDA Impulsionam Transição Energética em Áreas de Conservação
Em finais de 2024, a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) em parceria com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), deu mais um passo importante para o futuro da preservação ambiental em Moçambique, ao lançar mais uma fase do seu Programa de Conservação da Biodiversidade. Financiado pelo Governo da Suécia, através da Agência Sueca de Cooperação para o Desenvolvimento Internacional (SIDA), esta ação visa acelerar a transição energética nas Áreas de Conservação (ACs) do país.
Três empresas privadas que operam em Áreas de Conservação (ACs) no país, assinaram recentemente contratos de financiamento com a BIOFUND: a Kambako Safaris (Bloco L8 e L9) e a Lugenda Wildlife Reserve – Luwire (Bloco L7), ambas na Reserva Especial do Niassa (províncias do Niassa e Cabo Delgado), bem como o Santuário Bravio de Vilanculos, situada no Cabo São Sebastião (província de Inhambane). Cada projecto terá um limite de financiamento de 50.000 dólares americanos (equivalente a cerca de 3.200.000 meticais), quantia a ser reembolsável em três anos.
O objectivo primordial consiste em substituir os tradicionais geradores movidos a combustíveis fósseis, por sistemas de energia limpa, reduzindo drasticamente as emissões de carbono e diminuindo significativamente os custos associados ao transporte de combustível para regiões remotas e de difícil acesso. Ao mesmo tempo, esta transformação garante maior autonomia às ACs, ao proporcionar um fornecimento de energia estável e de baixo impacto ambiental.
A aposta conjunta da BIOFUND e da SIDA não se limita à vertente ambiental: a transição energética também reforça a sustentabilidade das operações de conservação, contribuindo para uma gestão mais eficiente dos recursos naturais e alinhando as Áreas de Conservação de Moçambique com as metas globais de combate às mudanças climáticas. Espera-se que estas soluções inovadoras e replicáveis sirvam de referência para outras reservas, tanto em Moçambique como em todo o continente africano.
Com o apoio do Governo da Suécia, através da SIDA, a BIOFUND reafirma assim o seu compromisso na protecção e no desenvolvimento sustentáveis da biodiversidade nacional, demonstrando que é possível conciliar a conservação do património natural com o progresso e a eficiência económica. Este marco representa uma oportunidade de transformação e um modelo de inspiração para futuras iniciativas ambientais no país e além-fronteiras.
Conservação e Desenvolvimento Comunitário: Seminário do PROMOVE Biodiversidade Define Estratégias para um Futuro Sustentável
A Fundação para a Conservação da Biodiversidade – BIOFUND, através do Programa PROMOVE Biodiversidade, promoveu nos dias 19 e 20 de Fevereiro, na Cidade de Maputo, um seminário estratégico com objectivo de refletir sobre abordagens estratégicas, sustentáveis e eficazes para gerar benefícios concretos para as comunidades das Áreas de Conservação beneficiárias do programa, promovendo simultaneamente a conservação da biodiversidade.
O Seminário reuniu 86 participantes, incluindo representantes da BIOFUND, Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), União Europeia, Ministério de Agricultura, Ambiente e Pescas (MAAP), Universidade Católica de Moçambique (UCM), Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Parque Nacional do Gilé (PNAG), Monte Mabu, parceiros de implementação do PROMOVE Biodiversidade e membros das Associações Comunitárias das áreas beneficiárias do Programa.
Compromisso com a Conservação: Intervenções dos actores chaves do PROMOVE Biodiversidade
“Conservação é desenvolvimento“, afirmou Luís Honwana, Director Executivo da BIOFUND, destacando a importância de garantir que as próximas acções do Programa tragam impacto real para as comunidades.
A União Europeia, representada por Aude Guignard, destacou que o PROMOVE Biodiversidade se baseia na iniciativa https://www.natura-africa.de/aboutus e representa uma experiência pioneira da União Europeia em conservação em Moçambique, reforçando a necessidade de harmonizar abordagens, trocar experiências e superar desafios para melhorar a atuação nas Áreas de Conservação.
Para a ANAC, o PROMOVE Biodiversidade trouxe resultados positivos no fortalecimento das comunidades e das Áreas de Conservação, e para fortalecer a relação da ANAC com outras organizações.
Por sua vez, os representantes das organizações comunitárias sublinharam a importância do envolvimento activo das comunidades, destacando que o Programa já trouxe avanços na redução de queimadas descontroladas, caça furtiva e desmatamento no Monte Mabu e no PNAG.
“Desde o nosso nascimento, nunca tínhamos ouvido falar de conservação. Com o PROMOVE Biodiversidade, criámos a Associação Conserva Mabu e começámos a sensibilizar as comunidades. Hoje, já há consciência sobre a importância da preservação dos recursos naturais.” Disse Hortência Manuel, Gestora da Associação Conserva Mabu e facilitadora comunitária.
Trabalho em Grupo para Soluções Sustentáveis
No segundo dia do Seminário, os participantes trabalharam em grupos para identificar soluções sustentáveis para o desenvolvimento comunitário. Entre as soluções debatidas, destacaram-se:
- Valorização da cadeia de valor do caju no PNAG
- Produção de café e ecoturismo no Monte Mabu
- Pesca sustentável na Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas (APAIPS).
O seminário reforçou a necessidade de continuar a desenvolver soluções construídas em conjunto com as comunidades, garantindo a sua apropriação e o envolvimento do sector privado. As recomendações do seminário serão transformadas em ações concretas, assegurando que as comunidades sejam protagonistas na conservação da biodiversidade e no desenvolvimento sustentável.
Fique atento às próximas actualizações sobre acções do PROMOVE Biodiversidade!
De Estagiária a Líder de Conservação Costeira e Marinha: Conheça a Inspiração de Muaule Chuluma na Construção de um Futuro Azul
Muaule Chuluma é uma jovem inspiradora, licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Lúrio e Mestre em Biologia de Conservação pela Universidade Zambeze, através do Consórcio BioEducação do Parque Nacional da Gorongosa.
Em 2022, Muaule participou da 3ª edição de estágios do Programa de Liderança para a Conservação em Moçambique (PLCM) na Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas (APAIPS), a primeira Área de Conservação em Moçambique com a categoria de Área de Protecção Ambiental e a segunda maior área de Conservação Marinha em África. Durante este estágio, ela aprimorou as suas habilidades técnico-práticas e liderou diversas actividades relacionadas à Conservação Marinha e Costeira, consolidando a sua carreira profissional e reforçando as suas capacidades na Conservação da Biodiversidade.
Para Muaule, o estágio do PLCM foi o ponto de partida perfeito para a sua carreira na Conservação da Biodiversidade Costeira e Marinha. Nas suas palavras
“Como estagiária na APAIPS, desempenhei um papel crucial na fiscalização e monitorização das reservas naturais integrais que são as áreas de Protecção total onde nenhuma actividade extractiva é permitida, além de contribuir para a revitalização dos Comités de Gestão dos Recursos Naturais (CGRN). No nono mês de estágio, candidatei-me a uma vaga na Wildlife Conservation Society (WCS) e fui contratada como Assistente de Projecto, onde participei na Elaboração da Estratégia e Plano de Acção para Expansão de Áreas de Conservação Marinha em Moçambique, baseada em Maputo”.
Actualmente, Muaule trabalha como Assistente de Projecto no programa “Construindo um Futuro Azul para Ecossistemas e Pessoas na Costa Leste Africana” da WCS, baseada em Nacala-Porto. Muaule é especialista marinha, uma extraordinária bióloga, que também actua motivando os comités de pesca e recursos naturais, e transformando conhecimento ecológico local e dados sobre tubarões em insights fantásticos para o projecto. E desta forma continua trilhando o caminho da conservação com determinação e paixão.
O programa PLCM tem sido fundamental para abrir portas para jovens talentos, permitindo-lhes desenvolver habilidades e assumir papéis de liderança. A trajectória de Muaule demonstra como o PLCM pode impulsionar o crescimento profissional e inspirar uma nova geração de jovens líderes, especialmente mulheres dedicadas à conservação da biodiversidade em Moçambique.
PROMOVE Biodiversidade Impulsiona Pesquisa e Capacitação no Parque Nacional do Gilé
Através do financiamento do Programa PROMOVE Biodiversidade, um projecto de pesquisa liderado pela Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e parceiros está a transformar o conhecimento sobre o impacto das queimadas no ecossistema de Miombo do Parque Nacional do Gilé (PNAG). Iniciado em 2022 e com conclusão prevista para junho de 2025, o estudo visa fortalecer a gestão e conservação do parque através de dados científicos robustos.
Workshop de Apresentação de Resultados: Conhecimento e Acção Práctica
O acampamento de Musseia, principal acampamento do PNAG, foi o palco do workshop de apresentação dos resultados da pesquisa que reuniu 23 participantes, entre membros das comunidades locais através dos Comités de Gestão dos Recursos Naturais (CGRN) e técnicos do PNAG. O evento dividiu-se em duas partes: apresentação e discussão dos resultados da pesquisa, seguida de uma sessão práctica de formação sobre maneio de queimadas.
Mapas Estratégicos para Combater Queimadas
Um dos resultados mais significativos do estudo foi a geração de mapas que identificam com precisão as zonas de maior risco de queimadas. Estes mapas serão fundamentais para que o PNAG aloque recursos de forma estratégica e intensifique as acções de prevenção e combate às queimadas, contribuindo directamente para a implementação eficaz do plano de maneio.
Capacitação e Colaboração Comunitária
O treinamento em gestão das queimadas ofereceu uma oportunidade valiosa de troca de conhecimentos entre membros das comunidades, gestores do parque e parceiros. Os participantes comprometeram-se a disseminar o conhecimento adquirido, reforçando o papel essencial da colaboração entre o parque e as comunidades locais. Este esforço é uma peça-chave para reduzir a incidência de queimadas e garantir a preservação da biodiversidade através de práticas sustentáveis de maneio integrado.
PROMOVE Biodiversidade: Um Programa Crucial para a Conservação
Financiado pela União Europeia e gerido pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e pela Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), o Programa PROMOVE Biodiversidade é essencial para a conservação da biodiversidade em Moçambique. Através de projectos inovadores, o Programa PROMOVE Biodiversidade promove não apenas a protecção e restauração de ecossistemas críticos, mas também capacitação comunitária para uma gestão sustentável dos recursos naturais.
Cartão Bio: Um Catalisador de Transformação Contínua na Conservação da Biodiversidade em Moçambique
Desde 2017, o Cartão bio, uma parceria pioneira entre a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e o Banco Comercial de Investimentos (BCI), tem promovido impactos significativos no financiamento de iniciativas de conservação da biodiversidade e no desenvolvimento sustentável em Moçambique. Com mais de 37.000 cartões emitidos e mais de 22 milhões de meticais arrecadados, a iniciativa prova que pequenas contribuições podem gerar grandes mudanças.
Entre os projectos beneficiados destacam-se a protecção de rinocerontes no Sábiè Game Park, que utiliza monitorização por satélite para proteger espécies ameaçadas, e a restauração da Reserva Botânica de Bobole, onde o repovoamento da espécie Raphia australis foi combinado com sistemas agro-florestais que geraram benefícios directos para as comunidades, como o aumento da renda das famílias por meio de negócios agro-florestais e extrativismo florestal sustentável.”. Além disso, o Jardim Botânico da Universidade Eduardo Mondlane implementou um projecto para preservar espécies raras e ameaçadas, como a Warburgia salutaris, promovendo a formação de novos conservacionistas e assegurando a continuidade dos esforços de conservação.
No âmbito marinho, a monitorização de tartarugas na Área de Protecção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas permitiu o estudo crucial das rotas de migração, ajudando a preservar esta espécie emblemática.
Mais recentemente, o Cartão Bio expandiu o seu impacto para lidar com desafios urgentes, como a mitigação de conflitos entre humanos e elefantes em Maputo, com a instalação de vedações eléctricas e coleiras de monitorização.
Em Sofala, o projecto “Acesso ao Mercado Nacional de Carvão Vegetal” aposta na gestão sustentável de biomassa florestal para criar empregos e reduzir riscos ambientais.
Na celebração do sexto aniversário do Cartão Bio, realizada no auditório do BCI, a BIOFUND reiterou o compromisso de ampliar os resultados positivos da iniciativa, incentivando mais parcerias nacionais. Este modelo conecta empresas e sociedade à conservação da biodiversidade, promovendo um futuro mais sustentável para Moçambique.
7ª Edição da Formação em Planificação e Gestão Financeira reforça competências nas Áreas de Conservação
No final de Novembro de 2024, a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), em parceria com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), realizou a 7ª edição da Formação em Planificação e Gestão Financeira. Pela primeira vez, o curso foi conduzido pela equipa da Direção de Administração e Finanças da BIOFUND, composta por Fenias Nhari e Celina Citole. O curso reuniu 39 técnicos de 14 Áreas de Conservação Públicas, da ANAC e de parceiros de implementação de projectos financiados pela BIOFUND, com objectivo de aprimorar a transparência, eficiência e responsabilidade na gestão financeira.
Os participantes aprofundaram conhecimentos em planificação financeira, com destaque para a elaboração de planos de actividades e a identificação de despesas elegíveis e inelegíveis. Entre os temas abordados, destacaram-se a gestão de contratos, cumprimento de regras fiscais e a utilização de documentos fiscalmente aceites. Adicionalmente, foi sublinhada a importância de ferramentas como a reconciliação bancária para assegurar o rigor na execução orçamental.
A formação reforçou a integração entre a planificação e a monitoria como uma prática essencial para alinhar metas planeadas à execução financeira. Outro ponto de relevo foi a valorização dos fiscais nas Áreas de Conservação, reconhecendo e sublinhando o papel indispensável destes profissionais na proteção dos parques e apontando os desafios que enfrentam, como a falta de benefícios sociais adequados. Estas questões foram encaminhadas à ANAC, destacando o compromisso de melhorar as condições de trabalho.
Com esta iniciativa, a BIOFUND e a ANAC reafirmam o seu compromisso em fortalecer a gestão sustentável das Áreas de Conservação e de garantir a conservação da biodiversidade, contribuindo para o desenvolvimento sustentável de Moçambique.
Este programa representa mais um passo na capacitação técnica para a gestão responsável dos recursos naturais, consolidando o papel das Áreas de Conservação como pilares do equilíbrio ambiental e do progresso económico.
Capacitada a Primeira Equipa de Fiscalização da APAIPS: Um Marco na Conservação da Biodiversidade em Moçambique
Com o apoio do Programa PROMOVE Biodiversidade, financiado pela União Europeia e gerido pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) e pela Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), a Área de Proteção Ambiental das Ilhas Primeiras e Segundas (APAIPS) celebrou a formação da sua primeira equipa de fiscalização.
São quase 50 fiscais para proteger um dos maiores patrimónios naturais de África
Um total de 47 fiscais de floresta e fauna bravia receberam treino especializado pela Polícia da República de Moçambique. Deste grupo, 13 são antigos agentes comunitários que agora integram a equipa de fiscalização da APAIPS. A sua missão abrange os distritos de Angoche, Moma e Larde, na província de Nampula, e Pebane, na Zambézia, cobrindo pouco mais de 40% de uma área protegida que se estende por mais de um milhão de hectares.
Durante a cerimónia de graduação, realizada em 24 de Novembro, José Luís, Director Provincial de Serviços de Ambiente de Nampula, destacou: “Além da sua importância ecológica, a APAIPS oferece oportunidades essenciais para a pesca sustentável, ecoturismo e outros meios de subsistência que beneficiam diretamente as nossas comunidades locais.”
Parcerias e compromissos reforçam o sucesso da iniciativa
O Director Geral Adjunto da ANAC, Severiano Khoy, expressou gratidão aos parceiros: “A União Europeia, BIOFUND e a WWF têm sido incansáveis em assegurar a preservação deste belo património natural.” A Administradora da APAIPS, Ricardina Matusse, enfatizou o impacto deste marco, apontando que os esforços fortalecem a conservação de uma das maiores áreas marinhas de África.
Sustentabilidade como objetivo final
O Programa PROMOVE Biodiversidade, no seu compromisso continuo e colaboração com a ANAC, vai além da fiscalização, apostando em estratégias de gestão sustentável, práticas de sobrevivência para comunidades locais e estudos que influenciem políticas ambientais. Esta abordagem integrada visa garantir não só a protecção da biodiversidade, mas também a melhoria das condições de vida das populações.
Esta conquista reafirma o compromisso de Moçambique com o desenvolvimento sustentável, promovendo uma coexistência harmoniosa entre a preservação ambiental e o bem-estar comunitário.
Evento Vozes da Terra Celebra Encerramento do Projecto MozBio 2 e Exalta Relação Entre Comunidades e Natureza
Nos dias 25 e 26 de Novembro de 2024, a cidade de Maputo acolheu a cerimónia de encerramento do Projecto MozBio 2, designada “Vozes da Terra”. O evento, promovido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS) em parceria com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) e com a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), reuniu 250 participantes e destacou algumas das conquistas e aprendizagens resultantes do projecto.
O objectivo do evento foi partilhar lições aprendidas e promover o diálogo sobre a relação entre pessoas e natureza, estabelecendo uma base de conhecimento que sirva de orientação para futuras intervenções. Participaram membros das comunidades da Reserva Nacional de Marromeu, do Parque Nacional de Chimanimani e do Parque Nacional de Maputo, principais Áreas de Conservação beneficiárias do projecto.
Na abertura, Madyo Couto, coordenador do projecto pelo FNDS, afirmou:
“Este Projecto, foi criado com objectivo de melhorar a relação entre as pessoas e a natureza, onde, junto com a ANAC, pensamos em um Programa que poderia ajudar a melhorar a gestão dos recursos naturais e as condições de vida das pessoas que vivem dentro e à volta das ACs. Realizámos este evento para abordar a natureza e as pessoas de uma forma encantadora, trazendo as diferentes vozes dos carvoeiros, agricultores, pescadores e da comunidade em geral, que estão na linha da frente na relação com a natureza, para partilharem em primeira mão as suas experiências e ideias sobre a natureza e as suas formas de gestão.”
Fátima Amade, representante da BIOFUND, destacou:
“A BIOFUND ouviu as “vozes da terra” e se organizou para continuar a apoiar as Áreas de Conservação, criando espaço para a continuidade do apoio às bolseiras do educa+. A BIOFUND orgulha-se de ter sido parte deste projecto, e continuará a apoiar iniciativas em prol da conservação da biodiversidade e da melhoria das condições de vidas das comunidades”
O evento incluiu uma feira que exibiu produtos e serviços das comunidades e dos parceiros do projecto, bem como uma exposição de biodiversidade promovida pela BIOFUND. Também foram apresentados alguns dos programas financiados pelo MozBio 2, através da BIOFUND, como o PLCM e os Contrabalanços de Biodiversidade.
O Projecto MozBio 2 trouxe impactos positivos às comunidades beneficiárias, elevando a consciência ambiental e estimulando acções colectivas de conservação. Além disso, fomentou fontes alternativas de rendimento, reduzindo práticas como a caça furtiva e a exploração insustentável de recursos naturais.
O evento Vozes da Terra consolidou o legado do Projecto MozBio 2, apontando para um futuro onde a preservação ambiental e o desenvolvimento das comunidades caminham lado a lado.
Beira Confirmada como Anfitriã da 3ª Edição da Conferência da Biodiversidade Marinha em Junho de 2025
A cidade da Beira foi escolhida para acolher a 3ª edição da Conferência da Biodiversidade Marinha (CBM), organizada pela Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND) em parceria com diversas entidades. Este evento, agendado para Junho de 2025, visa promover sinergias entre iniciativas de adaptação baseada em ecossistemas, facilitando a partilha de conhecimento entre o governo, investigadores, academia, sector privado e comunidades costeiras.
No dia 27 de Novembro de 2024, a equipa da BIOFUND, liderada pelo Director Executivo Luís Bernardo Honwana, apresentou o conceito e os aspectos práticos da conferência às autoridades do Governo central da província de Sofala, e ao Conselho Municipal da Cidade da Beira, sublinhando a importância da colaboração para o sucesso do evento.
Durante a reunião, o Governador da província de Sofala, Lourenço Bulha, destacou que a escolha da Beira para sediar a conferência reforça o compromisso da província com a conservação. Projectos como a restauração das florestas de mangal têm contribuído para a protecção costeira e evidenciam a dedicação à sustentabilidade.
A Secretária de Estado, Cecília Chamutota, demonstrou entusiasmo, afirmando:
“Agradeço principalmente pela escolha da cidade da Beira. Estamos de braços abertos para garantir o apoio para a realização deste evento da melhor forma, e esperamos que este seja um marco para a consolidação de mais iniciativas de conservação na nossa província.”
O Presidente do Conselho Municipal da Beira, Albano Carige, também manifestou apoio e assegurou total disponibilidade para colaborar na realização do evento.
Com o sucesso das edições anteriores em Maputo e Nacala-Porto, a 3ª edição da CBM completa a cobertura geográfica das três regiões (Sul, Norte e Centro) do país. A escolha da Beira, uma cidade vulnerável às alterações climáticas, reforça o simbolismo deste evento, que visa impulsionar soluções inovadoras para a conservação de ecossistemas marinhos e costeiros.
A Conferência da Biodiversidade Marinha na Beira promete ser um marco para o avanço da conservação em Moçambique, reunindo especialistas e actores chave para debater desafios e oportunidades. Acompanhe-nos nas nossas plataformas para mais actualizações sobre este evento transformador.
Unidade Técnico-Científica (UTC) capacitada em ferramentas e plataformas para identificação de biodiversidade a evitar e/ou alvo de Contrabalanços de Biodiversidade em Moçambique
A Unidade Técnico-Científica (UTC) de Apoio aos Contrabalanços de Biodiversidade beneficia-se de uma capacitação sobre ferramentas e plataformas disponíveis para identificação de biodiversidade prioritária a evitar e/ou alvo de Contrabalanços de Biodiversidade em Moçambique, de acordo com a Directiva sobre os Contrabalanços de Biodiversidade (Diploma Ministerial no 55/2022, de 19 de Maio). O evento teve lugar no dia 28 de Novembro de 2024 de forma hibrida em Maputo, e contou com a participação de 14 pessoas. A capacitação foi promovido pelo Programa COMBO+, uma parceria entre o Ministério da Terra e Ambiente (MTA), Wildlife Conservation Society (WCS-Moçambique) e a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), e focou na Lista Vermelha de espécies e ecossistemas, mapa histórico de vegetação terrestre, as áreas-chave para a biodiversidade (KBAs), o Sistema de Biodiversidade de Moçambique (SIBMOZ).
A Unidade Técnico-Científica de Apoio aos Contrabalanços de Biodiversidade, é um grupo multissectorial (com representantes do governo, academia, Sociedade civil e sector privado) estabelecido em Maio de 2024 com o objectivo de apoiar a Autoridade de Avaliação de Impacto Ambiental, na tomada de decisão, de uma forma estratégica e integrada, nos aspectos-chave associados à concepção, aprovação, implementação, avaliação e monitoria dos Planos de Gestão de Contrabalanços de Biodiversidade (PGCB).
Considerando que já existem potenciais Planos de Gestão de Contrabalanços de Biodiversidade (PGCBs) que serão implementados em Moçambique, era essencial reforçar a capacidade dos membros da recém-criada UTC relativamente as ferramentas e plataformas actualmente disponíveis para apoiar na identificação da biodiversidade a ser evitada por projectos de desenvolvimento e a serem consideradas para os contrabalanços de biodiversidade em Moçambique.
O programa COMBO+ prevê apoiar com outros treinamentos complementares visando a solidificar a UTC para que este possa melhor desempenhar a sua função.
O Programa COMBO+ é actualmente financiado pela Agence Française de Developpement (AFD) e pelo Fonds Français pour l’Environnement Mondial (FFEM), com cofinanciamento de outros doadores, incluindo a NORAD. Em Moçambique, o COMBO+ é também financiado pelo Projecto MOZBIO 2 (Banco Mundial), PNUD (BIOSFAC e BIOFIN) e pelo Governo da Suécia através do Programa de Conservação da Biodiversidade.
Governo Moçambicano e parceiros fortalecem o envolvimento do sector privado em matérias de mitigação de impactos de projectos de desenvolvimento na biodiversidade
Cerca de 25 membros da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), sector privado e do governo foram capacitados sobre a implementação de contrabalanços de biodiversidade em Moçambique (Diploma Ministerial no 55/2022, de 19 de Maio). O evento promovido pelo Programa COMBO+, uma parceria entre o Ministério da Terra e Ambiente (MTA), Wildlife Conservation Society (WCS-Moçambique) e a Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND), teve lugar no dia 27 de Novembro de 2024, no Parque Nacional de Maputo (PNAM).
Este treinamento teve como objectivo capacitar e consciencializar os participantes sobre o conteúdo da Directiva sobre os Contrabalanços da Biodiversidade em Moçambique (Diploma Ministerial no 55/2022, de 19 de Maio) , bem como a utilização do respectivo Manual de Implementação , e partilhar experiências e lições aprendidas com o Projecto Piloto que simula a implementação de um Contrabalanço de Biodiversidade (designado por Projecto Piloto de Melhoria de Habitats) implementado no Parque Nacional de Maputo (PNAM) seguindo as directrizes elencadas no Diploma Ministerial no 55/2022, de 19 de Maio. Com a realização desta capacitação, a CTA e o sector privado ficam cada vez mais conscientes e preparados para seu engajamento activo na implementação de medidas de mitigação de impactos de projectos de desenvolvimento na biodiversidade seguindo a Hierarquia de Mitigação (HM), contribuindo assim para o alinhamento do desenvolvimento económico com a conservação da biodiversidade.
Este treino faz parte do programa de capacitação implementado pelo programa COMBO+ desde 2021, direccionado à Repartição de Avaliação e Acompanhamento de Contrabalanços de Biodiversidade (RAACB) da Direcção Nacional do Ambiente (DINAB), Comissão Técnica de Avaliação de Avaliação de Impacto Ambiental, academia, sector privado, ONGs e todos outros actores envolvidos na implementação de contrabalanços de Biodiversidade em Moçambique. Serão implementados mais treinos de reforço da capacidade nacional, estando previsto que o próximo seja dirigido ao sector financeiro.
O Programa COMBO+ é actualmente financiado pela Agence Française de Developpement (AFD) e pelo Fonds Français pour l’Environnement Mondial (FFEM), com co-financiamento de outros doadores, incluindo a NORAD. Em Moçambique, o COMBO+ é também financiado pelo Projecto MOZBIO 2 (Banco Mundial), PNUD (BIOSFAC e BIOFIN) e programa de conservação da biodiversidade através do Governo da Suécia.